Editorial do b.i: Qual é o ranking que importa?

Há poucas semanas, num jantar com amigos, discutia-se o ensino público e o ensino privado. Na sala estava uma mesma geração que, na esmagadora maioria, tinha estudado no ensino público – as duas exceções estudaram em dois colégios que, ainda hoje, se mantêm como referências do ensino de excelência. Esse mesmo grupo tinha agora os…

Há poucas semanas, num jantar com amigos, discutia-se o ensino público e o ensino privado. Na sala estava uma mesma geração que, na esmagadora maioria, tinha estudado no ensino público – as duas exceções estudaram em dois colégios que, ainda hoje, se mantêm como referências do ensino de excelência.

Esse mesmo grupo tinha agora os filhos em colégios privados. Nesta discussão, que se fez longa, falou-se de alguns dos colégios de referência de Lisboa – os mesmos em que estudaram os tais dois intervenientes desta discussão – e dos mecanismos que utilizavam como forma de preservarem estes mesmos lugares cimeiros. Mecanismos, em primeiro lugar, de excelência do ensino, mas também outros de seleção de alunos, que ultrapassam os critérios de ensino, e que facilmente desembocam em recreios e salas de aula pintadas a uma só cor, parques de estacionamento feitos de uma só marca, espaços onde a diferença não habita porque não é promovida.

Por outro, claro está, debateu-se o ensino público e a forma como o facto de os governos tenderem a promover uma política de avanços e recuos na educação pública, apenas põe em causa a mais-valia do ensino público em si. Basta ver, por exemplo, os fatores que todos os anos ditam que milhares de professores mudem de escola, impedindo assim que se mantenham tempo suficiente num mesmo estabelecimento de forma a conseguirem implementar projetos de ensino. Depressa se começou a adivinhar a figura central desta discussão: os rankings das escolas e a forma como estes enviesam, ou não, o ensino. Por um lado, é óbvio que há que reconhecer o mérito a quem o tem.

Mas o mérito molda-se de muitas formas. As escolas devem ser escrutinadas em busca da excelência? Claro que sim. Mas o ensino  não se avalia por comparação com a escola da porta ao lado. Avalia, isso sim, tendo em conta a forma como cada estabelecimento lida com as suas condicionantes.

Para que, como refere neste B.I. o secretário de Estado da Educação, João Costa, se associe os melhores resultados quantitativos “ao desenvolvimento de um perfil que leva os alunos a colocar os seus conhecimentos ao serviço da construção de uma melhor sociedade”.