Benfica-Vizela. É dar a bola ao Zivkovic e deixar o Pistolas brilhar

Regresso estrondoso de Jonas à titularidade, após quatro meses, com dois golos cheios de classe. Um espetáculo aliado a outro: a exibição do extremo sérvio de 20 anos, que já justifica mais minutos em jogos “a sério”.

A metáfora do algodão já tem barbas – ao contrário do protagonista da história que se vai seguir, que as cortou recentemente –, mas dá sempre jeito em ocasiões como esta. Porque, de facto, a qualidade é como o algodão: não engana. Quando está lá, está. E Jonas é isso: qualidade pura. Não houve um espetador do encontro de ontem entre o Benfica e o Vizela que duvidasse disso por um segundo, nem com as sucessivas tentativas falhadas na primeira parte. Porque, quando se trata de um jogador como Jonas, a genialidade pode surgir a qualquer momento. Surgiu na segunda parte, com um golo sublime de livre e um cabeceamento à ponta-de-lança. Contas feitas, dois golos em 76 minutos em campo na primeira titularidade em quatro meses. É mau?

Jonas e os meninos

O regresso de Jonas ao onze foi, naturalmente, o grande destaque nas escolhas de Rui Vitória, mas houve mais sete alterações em relação ao encontro da primeira jornada com o Paços de Ferreira – uma das quais, a entrada de Yuri Ribeiro: o jovem lateral esquerdo da equipa B, que se havia estreado frente ao Real Massamá para a Taça, mereceu nova oportunidade na formação principal e não deslustrou.

Mas foi Zivkovic o grande agitador do encontro. O sérvio, de apenas 20 anos, continua a justificar mais minutos de cada vez que tem uma oportunidade para se mostrar: por ele passaram todas as grandes ocasiões do Benfica – num contraste brutal com Carrillo, que acabou a ser assobiado pelas próprias bancadas da Luz após mais um jogo sofrível. Zivkovic começou a dinamitar a defesa do Vizela logo aos 13 minutos, acabando placado dentro da área pelo lateral esquerdo Elízio. O árbitro, todavia, considerou que o lance ocorreu fora.

Aos 27’, o placard mexeu pela primeira vez. Mitroglou, que já havia marcado aos 12’ (lance bem invalidado por fora de jogo), irrompeu pelo meio dos centrais e atirou de cabeça para o golo.

Mais ação de relevo estava guardada para a segunda parte. E logo a abrir: outra vez de cabeça, após canto cobrado por Zivkovic, foi Lisandro López a faturar. O central argentino continua a apresentar um rácio impressionante de golos por jogo: já lá vão quatro, em apenas 12 partidas esta temporada.

E aos 57’, a Luz veio abaixo: golo magistral de Jonas, que tanto o tinha procurado. Um livre irrepreensível – Pedro Albergaria até se fez à bola, mas não valia a pena. Mesmo. Mas ainda faltava mais um toque de classe: chegou aos 60’, com Jonas a cabecear para o golo após cruzamento… de Zivkovic.

Depois disto, deu para tudo: entraram André Horta, o sérvio Luka Jovic – estreia na equipa principal esta temporada – e Rafa, para a ovação a Jonas. O Benfica nunca desistiu de procurar o quinto golo, numa atitude louvável para quem tem jogo fulcral em Guimarães no fim de semana. O Vizela foi uma equipa muito macia – basta dizer que o primeiro (e único) remate enquadrado à baliza, da autoria de Kukula, aconteceu aos… 81’. E foi mesmo bastante enquadrado: direitinho para as mãos de Ederson.

Descontos baralham tudo

Ao Benfica basta agora um empate para se apurar para a final-four. E isto porque o Vitória de Guimarães não fez melhor que um empate (2-2) no terreno do Paços de Ferreira – que já está eliminado, depois da derrota a abrir na Luz. Os pacenses, de resto, estiveram a vencer por 2-0 no D. Afonso Henriques, mas acabaram por se deixar empatar nos descontos. A fase decisiva do encontro, aliás, foi absolutamente frenética, com os comandados de Pedro Martins a fazerem uma pressão sufocante para os homens da capital do móvel. Até que o desejado golo chegou e por intermédio de um estreante: o sul–africano Zungu. Os vimaranenses continuam apenas a depender de si: se vencerem o Benfica em casa na última jornada, apuram-se.

No grupo C, o Marítimo colocou-se em posição privilegiada para conseguir o apuramento, ao vencer o Rio Ave: 1-0, com o golo decisivo a surgir igualmente nos descontos, apontado por Dyego Sousa. Os madeirenses, finalistas vencidos nas últimas duas edições, lideram agora o grupo, com quatro pontos, e uma vitória sobre o Braga confirma a passagem. Já o Rio Ave tem de vencer o Covilhã e torcer por um empate na Madeira; no caso de o Braga vencer o Marítimo, os vila-condenses têm de bater a equipa da ii Liga por quatro golos de diferença…