Zangou-se com o PS e faltou a seis plenários por doença

O deputado socialista Domingos Pereira zangou-se com o partido e renunciou a (quase) todos os cargos.

Deixou de ser presidente da concelhia de Barcelos, saiu da presidência da mesa da Federação de Braga e abandonou a Comissão Política Nacional (CPN). Mantém-se, contudo, como deputado do PS, mas faltou aos últimos seis plenários. O motivo que aparece no registo da Assembleia da República é «doença». Nesta legislatura tinha apenas uma falta, mas justificada com «trabalho político».

Contactado pelo SOL para saber os motivos desta ausência do Parlamento, Domingos Pereira limitou-se a esclarecer: «Faltei a semana passada e esta semana. Estou em repouso. Não meti qualquer atestado médico. Regresso para a semana. Todavia tratam-se de questões do foro pessoal. Nestes dias fiz também algum trabalho político».

Apesar da zanga, continua militante e membro da Comissão Política Distrital de Braga, mesmo depois de ter anunciado publicamente que estava a ponderar a entrega de um cartão que detém há cerca de 30 anos para passar a deputado independente. Na base desta decisão esteve o chumbo pela CPN do seu nome como candidato do PS à Câmara de Barcelos.

Reunião por fazer

Ao anunciar a 24 de janeiro, em conferência de imprensa, a renúncia aos cargos no PS, Domingos Pereira manifestou vontade de se reunir com o líder da bancada, Carlos César, para esclarecer o futuro relacionamento, enquanto deputado independente, com o grupo parlamentar socialista. O SOL sabe que essa reunião não aconteceu até ao final de ontem, sexta-feira, por motivo de doença do deputado.

Por outro lado, o líder da distrital de Braga do PS, Joaquim Barreto, confirmou ao SOL os passos dados pelo militante: «Domingos Pereira renunciou à Comissão Política Nacional, à presidência da Concelhia de Barcelos e à presidência da Mesa da Comissão Política Distrital. Não entregou o cartão de militante».

O nome do deputado como candidato à Câmara de Barcelos tinha sido aprovado pela concelhia local do partido, estrutura a que presidia.

Em declarações ao diário i assegurou que este desfecho «nunca lhe passou pela cabeça».

«Fiz tudo para que isto não chegasse a este ponto. Nunca me tinha passado pela cabeça tomar esta decisão, mas perante isto sou obrigado a fazê-lo. Dois valores essenciais no Partido Socialista foram quebrados: a lealdade e a solidariedade. E, para mim, esses limites não existem para serem ultrapassados»,disse. 

*com Margarida Davim e Sebastião Bugalho