A organização Animals International levou a cabo uma investigação internacional e denuncia que há animais exportados de países da União Europeia que são mantidos em condições degradantes e abatidos sem respeito pelas diretivas europeias em países do Médio Oriente.
O trabalho de oito meses, noticiado hoje pelo “The Guardian”, detetou casos de espancamento e recurso a eletrochoques para controlar os animais. O problema começa logo no transporte, com os animais a permanecerem em jaulas durante dias sem qualquer higiene .
A Animals International esteve na Croácia e em seis países do Médio Oriente, entre os quais Turquia, Jordânia e Líbano. O “The Guardian” adianta que foram detetados abusos em animais provenientes de Alemanha, França, Lituânia, Polónia, Hungria ou Eslovénia. As denúncias desta ONG sobre esta matéria não são novas: em 2011, uma investigação semelhante, sobre maus tratos a animais na Indonésia, levou a Austrália a proibir a exportação de gado até que houvesse garantias de melhoria nos procedimentos.
Em outubro, a Animals International apelou ao fim da tortura dos animais exportados. Na altura, a ONG revelou ter detetado problemas na Malásia, Omã, Líbano, Dubai e Kuwait.
A legislação europeia estabelece que o transporte de animais até ao destino final deve cumprir as regras europeias mas nem sempre isso acontece. Em novembro do ano passado, delegações da Suécia, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Alemanha e Holanda apelaram ao Conselho Europeu para que houvesse um reforço do controlo nesta área.
Portugal não tem sido citado pela Animals International. Segundo os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística, que o i analisou, em 2016 o país exportou animais vivos no valor de 157 milhões de euros. O maior volume teve como destino países da União Europeia (97 milhões de euros), em particular Espanha (94 milhões). Ainda assim há registo de exportação de animais vivos para alguns países para os quais tem havido alertas. É o caso da Jordânia, para onde Portual exportou animais no valor de 129 mil euros em 2016. Não há registo de exportações para Croácia, Omã ou Líbano e para Kuwait e Turquia são residuais.