Carlos Costa desafia deputados

O governador do Banco de Portugal (BdP) desafiou ontem a Assembleia da República (AR) a enviar um deputado de cada partido ao BdP para consultar os vários documentos de trabalho que foram elaborados pela instituição no âmbito do caso Banco Espírito Santo (BES). A condição é que os parlamentares vão “sem telemóveis e sem câmaras”. 

Carlos Costa, em audição na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA) na Assembleia da República, desafiou “esta câmara a constituir uma comissão, à semelhança de outros países, para que cada um dos seus membros venha consultar os documentos técnicos do Banco de Portugal sobre a idoneidade de Ricardo Salgado, sem telefones e sem câmaras fotográficas”.

O responsável recordou que a sua proposta é semelhante aquilo que acontece entre o Parlamento Europeu e o Banco Central Europeu (BCE) e que a consulta dos documentos é feita na condição  de que os deputados ficam obrigados  a manter sigilo. Carlos Costa acrescentou ainda que estes “documentos de trabalho não são documentos relativamente aos quais se possa levantar o segredo”.

Depois de alguma discussão na COFMA, prevaleceu a posição de que deveria haver uma votação sobre a criação de uma comissão, mas que essa proposta devia ter sido feita por escrito.

Carlos Costa está na Assembleia da República para duas audições. Na primeira fala sobre as medidas tomadas pelo BdP no âmbito do processo de resolução do Banco Espírito Santo (BES), bem como sobre a situação atual do Novo Banco.

Na segunda, a seu próprio pedido, para prestar “contas sobre a atuação do banco central, defender a sua reputação e proteger a confiança do público na eficácia e na diligência da supervisão bancária acerca da resolução do BES”.