São mais de 1500 os presos palestinianos em greve de fome, por tempo indeterminado, que protestam contra as condições de detenção nas prisões controladas por Israel. A luta sem precedentes é encabeçada por Maruan Barguti, dirigente da Fatah e da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), que encabeçou a segunda intifada [revoltas de rua e populares contra a ocupação israelita do território da Palestina] (2000-2005).
O dirigente palestiniano com maior prestígio no seu país, considerado, pelos seus, uma espécie de Mandela palestiniano, está há 15 anos preso e cumpre uma condenação, determinada pelos ocupantes israelitas, de prisão perpétua. Muitos palestinianos veem-no como um dirigente não corrupto e com a força moral e ética para ser o futuro presidente de um Estado independente da Palestina. Os seus carcereiros israelitas acusam-no de ter sido o chefe da Tanzim, o braço armado da resistência palestiniana que segue as orientações da Fatah, partido nacionalista laico. Barguti foi condenado a cinco prisões perpétuas e mais de 40 anos de prisão por “terrorismo”.
Nas prisões de Israel e de territórios palestinianos ocupados militarmente desde a guerra de 1967 estão detidos cerca de 6500 palestinianos, incluindo 300 menores de idade. Segundo as organizações de direitos humanos, entre os presos encontram–se 62 mulheres, 13 deputados palestinianos e 23 doentes em estado terminal.
Mais de 500 presos estão detidos em regime de detenção administrativa [semelhante às medidas de segurança nos tempos da ditadura em Portugal], que permite que uma pessoa esteja detida por tempo indeterminado sem lhe ser feita qualquer acusação e sem ser sujeita a um julgamento.
O número de palestinianos presos não para de aumentar desde 2015, quando os protestos palestinianos se tornaram violentos, com a chamada intifada das facas ou dos lobos solitários, na sequência da qual foram detidas mais de 10 mil pessoas.
Em artigo publicado no “The New York Times”, o líder palestiniano preso, Maruan Barguti, defende que a greve de fome iniciada nesta segunda-feira tem como objetivo “pôr fim aos abusos nos centros penitenciários” e que “Israel estabeleceu um apartheid judicial que garante a impunidade dos israelitas que cometem crimes contra os palestinianos e criminaliza a existência de uma resistência palestiniana”. Barguti denuncia a situação nas cadeias em que estão detidos os presos palestinianos como elementos da política do Estado hebreu para liquidar fisicamente os palestinianos: “Os prisioneiros sofrem torturas, tratamentos degradantes e inumanos, falta de assistência médica [em consequência de tudo isso] alguns morrem durante a sua prisão.”