Perfeito

Não há vidas perfeitas, não há países perfeitos, não há empresas perfeitas. Contudo, examinando o comunicado que o Instituto Nacional de Estatística fez sobre as contas provisórias do Produto Interno Bruto (PIB, o total da produção de um país) no primeiro trimestre de 2017, não se encontram pontos negativos.

Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, o crescimento do PIB foi de 2,8%, o que é um valor fenomenal. Note-se que desde o último trimestre de 2007 que a economia não crescia tão aceleradamente, para vermos que estamos de facto perante um aumento espetacular. Esta é apenas uma primeira estimativa, provisória, que ainda pode ser revista em mais ou em menos 0,2%. Todavia, o crescimento da economia é demasiado forte para que qualquer revisão o deixe de colocar num patamar muito elevado.

Além disso, este crescimento é saudável, pois foi baseado sobretudo nas exportações. A frente interna também cresceu, mas menos, devido à diminuição do consumo, e também dos stocks das empresas, que terão de ser repostos, indicando que o investimento, embora esteja a diminuir de ritmo, está para continuar.

A má notícia é que, mais cedo ou mais tarde, os bons tempos vão chegar ao fim. A economia portuguesa simplesmente não tem condições para crescer a 2,8% por ano. As condições atuais são extremamente favoráveis, com o preço do petróleo abaixo de 50 dólares por barril (quanto mais caro o petróleo, pior para a nossa economia, que tem de o importar), os nossos parceiros comerciais também a crescerem, e os fundos comunitários estão a fazer a sua entrada, estimulando assim o investimento e o crescimento, mas não podem aumentar trimestre após trimestre.

O aumento anual de 2,8% do PIB não é, pois, para durar. Mas, que raios, por um momento podemos ficar contentes. Este crescimento é obra!