Trump quer que os muçulmanos liderem a batalha “do bem contra o mal”

Presidente dos EUA discursou em Riade e exortou os líderes políticos muçulmanos a baterem o pé ao terrorismo. Pelo meio responsabilizou ainda o Irão pela instabilidade na região

Pouco mais de um ano depois de ter defendido de forma insistente, numa entrevista à CNN, que o “Islão odeia” os Estados Unidos, Donald Trump discursou na capital saudita, perante 55 líderes de países muçulmanos, disposto a abrir “um novo capítulo” nas relações entre norte-americanos e os países do Médio Oriente. De todos? Nem por isso. O Irão – o principal rival da Arábia Saudita na região – foi acusado, pelo presidente dos EUA, de ser o principal factor de instabilidade daquela zona do globo e ficou de fora do apelo de Trump à luta contra o terrorismo e o radicalismo islâmico.

Na sua primeira visita oficial, desde que tomou posse como 45º presidente dos EUA, e deixando em casa um verdadeiro turbilhão político, resultante da alegada tentativa de obstrução à investigação do FBI sobre as a ligações da sua administração com a Rússia – que fizeram ecoar a palavra ‘impeachment’ pelas ruas de Washington e corredores do Capitólio – Trump defendeu, em Riade, a obrigação de os países muçulmanos liderarem, de uma vez por todas, a “batalha do bem contra o mal”, lembrando-os que não podem ficar à espera que o “poder americano esmague” os movimentos extremistas por eles.

“Não viemos aqui dar lições e dizer aos outros como devem viver ou a quem devem rezar. Estamos a oferecer uma aliança baseada em valores comuns e interesses partilhados”, começou por dizer, hoje, o presidente dos EUA, citado pelo “Washington Post”, antes de apresentar a sua tese sobre a onda de terrorismo que está a abalar a região e o mundo: “Esta não é uma batalha entre religiões diferentes, seitas diferentes ou civilizações diferentes. É uma batalha entre os criminosos bárbaros que querem acabar com a vida humana e as populações decentes, de todas as religiões, que a querem proteger”.

Nesse sentido, o responsável pela tentativa de implementação de uma lei suspensiva de viagem, para os EUA, de cidadãos oriundos de sete países de maioria muçulmana, pede uma estratégia decidida para se acabar de vez com os grupos jihadistas islâmicos. “Expulsem os terroristas. Expulsem os extremistas. Expulsem-nos dos vossos lugares de culto. Expulsem-nos das vossas comunidades. Expulsem-nos da vossa terra sagrada e expulsem-nos desta Terra”, pediu Donald Trump.

Com vista à prossecução deste objetivo, o presidente norte-americano assinou, este domingo, um acordo de coordenação de esforços, juntamente com a Arábia Saudita, o Qatar, o Kuwait, os Emirados Árabes Unidos, a Omã e o Bahrein, que pretende, em última instância, impossibiltiar o financiamento de organizações terroristas, como o grupo Estado Islâmico – no sábado, já se tinha comprometido a fornecer armas aos sauditas, num acordo milionário que poderá superar os 350 mil milhões de dólares nos próximos dez anos.

Agenda preenchida

De Riade, a comitiva americana – que também inclui a primeira-dama, Melania Trump – segue para Israel, com paragens marcadas em Telavive e Jerusalém e na terça-feira, é esperada na Cisjordânia.

No dia seguinte, Trump visitará o Papa Francisco, em Roma,  de onde seguirá para Bruxelas, onde, na quinta-feira, participará numa cimeira da aliança atlântica da NATO.

A viagem do presidente só terminará na próxima sexta-feira, após o encontro dos líderes dos países que compõem o G7, na Sicília, em Itália.