A época balnear já começou em algumas praias e os termómetros respeitaram a tradição – tem estado só um pouco de vento a estragar a festa. Os areais começam a encher ao fim de semana e não tarda estão aí as férias da escola. Se é um banhista para quem a qualidade ambiental das praias é meio caminho andado para um bom descanso, deve estar familiarizado com as bandeiras azuis – desde o final dos anos 80 que premeiam as praias com melhor qualidade de água e boas infraestruturas. No ano passado, a ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável decidiu elevar a fasquia e passar a apresentar, todos os verões, uma lista de praias com poluição zero. O critério é simples: entre as praias com uma qualidade de água excelente, destacam aquelas que durante três épocas balneares consecutivas não acusam bactérias, ou seja, as que dão valores zero ou inferiores ao limite de deteção nas análises realizadas pela Agência Portuguesa do Ambiente. Este ano são 33 – 5% das 601 zonas balneares existentes no país.
Os concelhos de Aljezur e Vila do Bispo apresentam as águas mais limpas, com quatro praias distinguidas cada um. Mas também há bons exemplos na zona Oeste e a norte. Nas ilhas foi distinguida apenas a praia da Riviera, na Terceira, Açores.
“Esta listagem de 33 é verdadeiramente uma elite de qualidade de zonas balneares e representa que este objetivo de zero poluição é atingível e pode ser inspirador para outras realidades”, explicou ao i Francisco Ferreira, presidente da associação ZERO.
Se ainda são três dezenas de propostas, no ano passado havia 78 praias com o carimbo de poluição zero.
Na hora de encontrar explicações para o decréscimo, Francisco Ferreira admite que podem pesar vários fatores. De acordo com o critério usado pela associação, basta haver uma análise em que se tenha detetado a presença de unidades formadoras de colónias de Enterecoccus intestinais ou de Escherichia coli, as duas bactérias que são pesquisadas nas águas balneares, para que a água balnear deixe de poder ser classificada como uma praia de poluição zero. “Foi precisamente isso que aconteceu nas 38 praias que foram retiradas da lista. Ou devido a alguma mudança nas correntes marítimas que levou poluição de ribeiras ou rios próximos, ou por sujidade associada à própria praia, ou por chuvas em zonas adjacentes que arrastam sempre alguma contaminação, o registo de análises deixou de estar incólume.”
A ideia a transmitir é que, com cuidado e envolvimento de todos, isso pode ser prevenido. “Um cuidado acrescido com a poluição da própria praia ou de rios e ribeiras adjacentes, nomeadamente através do bom funcionamento das estações de tratamento de águas residuais domésticas e industriais e de uma fiscalização eficiente, é ingrediente para se conseguir um registo perfeito sem poluição.” E se pode haver contaminações naturais – por exemplo, uma chuvada de maior intensidade poder arrastar excrementos de animais –, a maioria da contaminação “é por tratamento inexistente ou deficiente de águas residuais, sejam domésticas ou industriais”, sublinha o responsável.
Por isso, com as dicas aos banhistas, chegam pedidos. A associação recomenda que não sejam deixados quaisquer resíduos na praia e, de preferência, que se faça a separação do lixo mesmo quando se está fora de casa. Mais de 80% dos 12,2 milhões de toneladas de plástico que entram no ambiente marinho em cada ano vêm de fontes terrestres, sendo o maior contribuinte o lixo de plástico, incluindo itens como garrafas de bebidas e outros tipos de embalagens. Preservar a paisagem e os ecossistemas envolventes das zonas balneares, evitando o pisoteio de dunas ou outras áreas sensíveis, é outro apelo.
Este ano, além destas praias de topo no que toca a águas impolutas, Portugal tem 320 praias com bandeira azul – mais de metade das zonas balneares. Depois de, a 13 de maio, ter arrancado a época balnear nos concelhos de Cascais e Oeiras e de, a 1 de junho, ter começado em vigilância em 175 praias, até ao final do mês haverá mais 200 praias com tudo a postos para receber os banhistas. No próximo sábado abre, por exemplo, a época balnear em Setúbal, da Figueirinha ao Portinho da Arrábida. Das 33 praias com poluição zero, entre as que se situam no Algarve, a época balnear arrancou a 1 de junho. Dia 15 inaugura-se a época balnear para a maioria das restantes. A exceção são as praias de Sines, cuja época de banhos só abre oficialmente dia 17. Nas duas praias de Santiago de Cacém incluídas na lista, a época balnear arranca dia 24. Para experimentar em segurança as águas da Albufeira de Vilar, em Moimenta da Beira, só a partir de 1 de julho.