Figura da semana: Pedro Guerra. O melhor amigo dos outros

Pergunta para um milhão de dólares: quem gosta de Pedro Guerra? O comentador desportivo que consegue pôr benfiquistas a torcer por outros clubes mantém-se firme no seu posto, com ou sem emails.

Nasceu em Luanda e devia saber que em África uma das coisas menos apreciadas é alguém interromper uma conversa. Mas isso é outra história para este homem que acha que gritando mais alto do que os outros, falando em cima deles, interrompendo-lhes o raciocínio, leva a sua avante. Não consta que o artista tenha andado pela extrema-esquerda onde se aprendiam essa e outras técnicas para impedir os outros de exporem as suas ideias.

Sabe-se sim é que é das figuras mais detestadas do país e que ganhou um protagonismo à conta das atoardas com que enche a televisão. Pedro Guerra foi jornalista e destacou-se n’O Independente pela agressividade que dava aos seus títulos e pelas matérias que escrevia. Mas isso é outra história. Depois acompanhou Paulo Portas nas lides governativas e transferiu-se para o CDS como assessor do partido.

Talento e coragem não lhe faltam para ter tido sempre convites fosse no jornalismo, na política ou na televisão. Dono de uma voz forte, Pedro Guerra não foge a nenhuma polémica e apareceu num programa desportivo na TVI como o paladino da verdade. Focado no passado, tudo tem feito para que o Apito Dourado, processo que envolvia o FC Porto em histórias de corrupção, não desapareça da memória coletiva. Mas, para seu azar, o clube do Dragão foi desencantar trocas de emails entre Guerra e o antigo árbitro Adão Mendes onde surgem comentários sobre árbitros que supostamente podiam ou não ser amigos do Benfica.

Se é verdade que os emails não provam que houve corrupção, também é verdade que não deixa de ser estranho o seu conteúdo. E vamos aguardar pelo que dirá o Ministério Público. O facto de ter existido um Apito Dourado, um dos processos mais vergonhosos da Justiça portuguesa tantas eram as provas de culpa apuradas, não dá o direito aos outros clubes de tentarem entrar pelo mesmo esquema. É óbvio que os emails são uma brincadeira de crianças ao pé do famoso processo do Apito, mas que são inquietantes são. Pode tudo não passar de ‘bazófias’ de Pedro Guerra que teve a distinta lata de dizer que não se lembrava se tinha escrito ou não os emails em causa. 

Certo é que os benfiquistas – com figuras como António Simões – não se revêem na figura e postura de Guerra. Mas que o comentador da TVI deve dar jeito a alguém, lá isso deve dar, pois com as suas atordoadas o foco fica sempre centrado em si. Mas isso é outra história.