Um desastre não verificado

Foram divulgados na sexta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), novos valores (os terceiros, e definitivos) sobre a evolução do PIB (total da produção nacional) português no primeiro trimestre deste ano.

A comunicação social destacou o facto de a taxa de poupança das famílias residentes em Portugal ter baixado para o valor mais reduzido dos últimos 18 anos. Este dado, embora importante, não é o mais crucial. Crucial é o facto de, aos poucos, Portugal (a junção de Estado, empresas, e famílias) estar a pagar as suas dívidas ao exterior. Este pagamento de dívida (em jargão técnico, a capacidade de financiamento da economia portuguesa) está basicamente estável: passou de 1,4% do PIB no quarto trimestre do ano passado para 1,5% no primeiro trimestre deste ano. Que diferença para os últimos anos do consulado socrático, em que nos chegamos a endividar a 11% do PIB ao ano.

Durante a campanha eleitoral para as últimas eleições legislativas, e nos primeiros meses de andamento da geringonça, a mensagem dos partidos da direita era que o fim da austeridade iria de novo provocar um desequilíbrio na economia portuguesa, pelo que teríamos novamente de pedir ajuda externa, e que todos os sacrifícios feitos teriam sido em vão. Mas não é isso que está a acontecer. A economia está a crescer, e a dívida do país (atenção, não me refiro só à dívida do Estado, refiro-me à dívida do país, no seu conjunto) vai-se reduzindo. Tudo está a ser feito com devagar e com prudência, para não causar desequilíbrios. A situação económica de Portugal vai melhorando gradualmente. E a minha admiração por Mário Centeno e pela sua equipa vai aumentando na mesma proporção.