Crédito para férias. Saiba se compensa recorrer a um financiamento extra

Ir de férias é sinónimo de gastos extra. Para muitos, recorrer a um crédito é a solução para poder gozar esses dias merecidos de descanso, mas prepare-se para pagar juros e outros tipos de comissões

As férias estão quase à porta e, este ano, segundo vários estudos do setor, os portugueses estão mais disponíveis para gozarem esses merecidos dias de descanso. A retoma económica está a dar mais confiança e há quem opte por ir, nessa altura, para fora do país. Mas quer seja em Portugal quer no estrangeiro, muitos são “obrigados” a recorrer ao crédito.

E os números falam por si: os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) relativos ao ano anterior demonstram que os portugueses fizeram cerca de 20,05 milhões de deslocações turísticas, mais 7% do que em 2015. Esta tendência tem vindo a aumentar ao longo dos anos.

Essa realidade é confirmada pelo estudo sobre as intenções de férias dos portugueses, em 2017, do Instituto de Planeamento e Desenvolvimento do Turismo (IPDT), ao concluir que 74% dos portugueses pretendem sair de casa nas férias mais longas. Além disso, os turistas portugueses que reservam as suas viagens com antecedência têm aumentado, tendo chegado aos 11%, segundo dados da Travelport.

Já o estudo European Consumer Payment Report referente a 2016, da consultora Intrum Justitia, revela que mais de 40% dos portugueses poupam dinheiro mensalmente com o objetivo de poderem ir de férias para um destino do seu agrado. Ainda assim, 8% dos portugueses consideram que adquirir um crédito para financiar as próximas férias é uma boa opção.

A pensar nisso, o site ComparaJá.pt fez uma ronda pelas ofertas de crédito existentes e chegou à conclusão que, mesmo recorrendo a um financiamento, é possível poupar várias centenas de euros se optar pela compra antecipada dos voos e da estadia no hotel.

Mas vamos a números. Um casal que pretende fazer uma viagem à Índia, se marcar as férias em cima da data que pretende, vai pagar mais 500 euros do que se esperar por dezembro. “Tendo como base a simulação de uma oferta média do mercado, é possível perceber que, mesmo recorrendo a um financiamento de 1600 euros a 12 meses, permitindo a margem o pagamento de algumas despesas extra, o casal conseguiria poupar mais de 300 euros na sua viagem à Índia”, revela o estudo a que o i teve acesso.

Com esta solução, o MTIC (montante total imputado ao consumidor) passa a ser de 1713 euros e a prestação a pagar será de 143 euros. “Assim, além de conseguir poupar pela compra antecipada, consegue também diluir esta despesa em baixas prestações ao longo do ano”, diz a plataforma (ver quadro em baixo).

Os exemplos não ficam por aqui. Já para quem pretende fazer uma viagem mais dispendiosa – é o caso, por exemplo, das ilhas Fiji –, a diferença entre ir agora ou esperar por dezembro é mais significativa e pode chegar aos 4400 euros.

Adiando a viagem, mas recorrendo a um crédito pessoal de mais cinco mil euros para adquirir a viagem com antecedência, é possível “poupar vários milhares de euros”, diz o estudo, acrescentando ainda que, com um MTIC de 5311 euros para a viagem deste casal, a prestação mensal a pagar seria de 443 euros. “Nesta situação, além de permitir esbater os custos em prestações reduzidas ao longo do ano, não desorganizando as finanças do casal, faz sentido solicitar um crédito pessoal para a sua viagem, uma vez que lhe permite poupanças que ultrapassam os três mil euros” (ver quadro em baixo).

Face a estes resultados, a plataforma ComparaJá.pt concluiu que “são evidentes as vantagens de adquirir um financiamento para as férias, mas é importante ter em consideração alguns fatores. O que importa reter é o conceito de ‘custo do dinheiro’, ou seja, qual é o verdadeiro preço de um crédito no final do reembolso”, afirma o diretor-geral da plataforma.

Segundo o responsável, “da mesma forma que, antes de comprar, se comparam telemóveis e máquinas de lavar com o preço mais competitivo nos diversos retalhistas, deve também fazer-se o mesmo exercício no que toca ao crédito”, conclui.

Outras soluções

Para quem não pretende recorrer ao crédito pessoal, uma alternativa pode passar por usar o cartão de crédito e liquidar a dívida nos 20 a 50 dias seguintes. Mas esta modalidade fica limitada ao valor do crédito disponibilizado pelo banco (plafond).

Caso o seu cartão tenha programa de cash-back, recebe uma percentagem da despesa. A maioria associa também pacotes de seguros que cobrem alguns imprevistos. As coberturas mais importantes são assistência em viagem, despesas de tratamento e acidentes pessoais. Caso pretenda um destino mais caro que nem a agência nem o cartão permitem pagar sem custos acrescidos, e ponderada a hipótese de recorrer ao financiamento, considere as modalidades de pagamento com juros. Se precisa de um valor reduzido (por exemplo, até 1500 euros) e prevê pagar a dívida no prazo de três a seis meses, o cartão de crédito é uma boa opção.

A conta-ordenado é uma alternativa ao cartão, mas o crédito disponível tem um valor idêntico ao do vencimento e o cliente começa a pagar juros logo que usa o saldo descoberto. Mas se não pode pagar a dívida nos três a seis meses seguintes, restam-lhe opções que implicam mais burocracia e mais tempo para formalizar (cerca de duas semanas). O crédito com penhor de uma aplicação financeira, como uma conta-poupança ou um fundo de investimento, é mais barato do que o crédito pessoal tradicional, já que o cliente apresenta uma garantia real. Contudo, a aplicação deve ter um valor igual ou superior ao montante do empréstimo e não pode ser movimentada enquanto o crédito estiver ativo.