Impresa quer vender revistas até ao final do ano

Se a meta não for cumprida, as 13 publicações, onde está incluída a “Visão”, podem fechar. Estratégia do grupo liderado por Francisco Pedro Balsemão assenta no digital e no audiovisual

A Impresa, dona da SIC, “Expresso” e “Visão”, admitiu vender ou fechar 13 das revistas que detém no âmbito de um “reposicionamento estratégico” da sua atividade, o que implicará uma redução da sua exposição ao setor das revistas e irá passar por um “enfoque primordialmente nas componentes do audiovisual e do digital”. O objetivo é concretizar esta operação até ao final do ano, apurou o i. Fora desta reestruturação está o semanário “Expresso”.

No caso da revista “Visão”, a administração revelou aos trabalhadores, durante a tarde de ontem, que há a possibilidade de vender o título fora do pacote, afirmando que “existem interessados”, soube o i.

O conselho de redação (CR) da revista lamentou “as incertezas” que esta decisão da administração da Impresa “acarretam sobre o futuro quase imediato das revistas do grupo, entre as quais a “Visão”, a “Visão História” e a “Visão Júnior”. E, neste sentido, “os membros eleitos do CR entendem ser seu dever solidarizar-se com a direção editorial da ‘Visão’ na sua tentativa de procurar soluções que viabilizem o futuro da publicação”, que conta já com 24 anos de existência e “é líder no seu segmento de mercado”.

Aposta no digital e no audiovisual

O presidente executivo do grupo de comunicação social, Francisco Pedro Balsemão, enviou durante a tarde de ontem uma mensagem indicando que, tendo em conta o plano estratégico para o triénio 2017-2019, a Impresa iniciou “um processo formal de avaliação do seu portefólio e respetivos títulos que poderá implicar a alienação de ativos”.

A meta do grupo, segundo o mesmo comunicado, é “continuar a melhorar a situação financeira do grupo, assegurando a sua sustentabilidade económica e, logo, a sua independência editorial”.

Atualmente, no segmento de publishing, o grupo detém as revistas “Visão”, “Visão Júnior” e “Visão História”, bem como o jornal “Expresso” e as revistas “Activa”, “Blitz”, “Caras”, “Caras Decoração”, “Courrier Internacional”, “Exame”, “Exame Informática”, “TeleNovelas”, “TV Mais” e também o “Jornal de Letras, Artes e Ideias”.

O Sindicato dos Jornalistas já pediu “uma reunião urgente com o presidente do conselho de administração” para obter “esclarecimentos sobre a anunciada redução da exposição do grupo ao setor das revistas”.

Lucros descem

Os resultados do grupo nos primeiros seis meses do ano caíram 93% face a igual período do ano passado, fixando-se nos 85 mil euros. Contabilizando apenas o segundo trimestre, a Impresa obteve lucros de 2,8 milhões de euros (uma quebra homóloga de 22,5%); no entanto, no primeiro trimestre, as quebras das receitas tinham levado o grupo a um prejuízo de 2,4 milhões de euros.

Também no final do mês de julho, a Impresa registou um fracasso na emissão obrigacionista que lançou em junho – uma operação onde pretendia garantir até 35 milhões de euros. O prazo de subscrição chegou a ser adiado duas vezes mas, mesmo assim, não captou o interesse dos investidores.

Em causa estavam obrigações a cinco anos – com data de reembolso a 27 de julho de 2022 – e que apresentavam uma taxa de juro variável igual à Euribor a seis meses mais um prémio de risco (spread) de 4,6%. A ideia seria reduzir a dívida do grupo liderado por Francisco Pedro Balsemão e que já ultrapassa os 189 milhões de euros – ainda assim, menos 7,5 milhões de euros do que em igual período de 2016.

Para o fracasso desta operação, o grupo justificou-se com a recente movimentação da Altice e da Media Capital. “A Impresa informa que tomou a decisão de interromper o processo de emissão de obrigações a subscrever por investidores qualificados, anunciado a 3 de julho, atendendo às alterações recentes no setor dos media e ao impacto resultante no sentimento da comunidade de investidores”, revelou, na altura, em comunicado à CMVM.