Mota Amaral: “Rio é a mudança que se impunha”. Mas o Conselho Nacional não lhe fez a vontade

O antigo presidente de Assembleia conta ao i porque apoia Rui Rio. O partido preferiu dar tempo a alternativas para se prepararem

“Isso é a notícia” Se o PSD, em termos de congresso, está hoje dividido entre uma ala contemporânea (não toda passista, mas que esteve essencialmente com o passismo) e uma ala mais antiga (cavaquista/barrosista), esta última, veterana, foi a que mais incentivou Rui Rio a avançar e a que mais anticorpos tem em relação a Pedro Santana Lopes.

Ferreira Leite, Pacheco Pereira e Morais Sarmento não teriam, nesse sentido, qualquer dilema entre as duas figuras senatoriais.

Esta semana, a resiliência da referida ala mais contemporânea fez-se notar no conselho nacional do partido. Os dirigentes laranja inviabilizaram, por via de votação, aquilo que Rio preferia (eleições diretas em dezembro, o mais cedo possível), mostrando porque Santana não havia revelado grandes pressas. As diretas para a liderança serão um mês mais tarde, em janeiro, com congresso em fevereiro. Rio já tinha trabalho de casa e trabalho de estrada realizado, e vê assim os adversários com maior margem de embalo do que pretendia. Apesar desse contratempo, João Bosco Mota Amaral, mais uma vez mostrando a fratura geracional que será exposta no PSD nos próximos tempos, veio a público manifestar o seu apoio a Rui Rio. O histórico social-democrata e primeiro presidente do Governo Regional dos Açores disse ao i: “É a mudança que se impunha. Eu apoio Rui Rio.” Não há grande margem para dúvidas, e Mota Amaral, que sorri ao telefone e não vê o tempo de mudança como negativo, despede-se. “É isso a notícia!”

Do lado do ainda provedor da Santa Casa da Misericórdia, adiantou ontem ao i que vai mesmo avançar: “Confirmo que vou ser candidato à liderança do partido”. No seu habitual espaço de comentário na SIC Notícias, disse com algum humor: “Hoje é um dia de boas notícias, Portugal ganhou e eu sou candidato à liderança do PPD/PSD”. De acordo com o “Diário de Notícias”, Santana Lopes enviou ontem uma mensagem de despedida aos funcionários da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, referindo que “em breve outro ciclo se iniciará”.

O facto de alguns apoios de Pedro Santana Lopes derivarem da necessidade de a estrutura contrariar a candidatura de Rui Rio é desvalorizado pelo seu círculo. “Ainda falta muito tempo, as coisas ganham balanço”, assegurou um deles ao i. O almoço com Marcelo Rebelo de Sousa, independentemente do que foi (ou não) discutido à porta fechada no Palácio de Belém, teve valor marcadamente simbólico. O favoritismo profetizado por Marques Mendes no comentário dominical, também.

Do lado de Miguel Pinto Luz, ainda em ponderação, chegou a aglomerar apoios dentro da sua geração, a nível distrital, a nível mediático, dentro e fora do “passismo”. Nomes como Pedro Duarte, ex-líder da JSD e diretor de campanha de Marcelo Rebelo de Sousa nas últimas presidenciais, e José Eduardo Martins, candidato a presidente da Assembleia Municipal de Lisboa nas últimas autárquicas e ex-secretário de Estado, são protagonistas próximos de longa-data do vice-presidente da câmara de Cascais. Bruno Vitorino, deputado e presidente da distrital de Setúbal, também seria apoio relevante.

 O “SOL” já havia também noticiado este fim de semana os incentivos de Bruno Ventura (antigo vice-presidente distrital) e de Vasco Rato a Pinto Luz, tendo o endorsement deste último valor simbólico: vem de um dos mais antigos e próximos amigos de Pedro Passos Coelho, que abandona a liderança no final deste ano.

(Notícia atualizada às 08h41)