A economia vai salvar o Acordo de Paris

A coluna de hoje é inteiramente dedicada às energias limpas.

1. GASES. Segundo a World Metereological Organization (WMO), o aumento da concentração atmosférica de dióxido de carbono em 2016 foi  mais alto de sempre. A WMO estima que os níveis do gás na atmosfera são os mais altos em 800 mil anos. O agravamento em 2016 resultou da força do El Niño mas também de ações humanas. As gerações futuras herdarão um planeta menos hospitaleiro.

2. TRUMP. A Environmental Protection Agency (EPA) dos EUA ajustou a sua estimativa do custo social das emissões de carbono de 51 dólares por tonelada para 1 dólar (!!). O custo social de carbono procura avaliar o impacto de uma tonelada de CO2 lançada para a atmosfera. Por outras palavras, constitui uma estimativa monetária dos malefícios que essa emissões podem causar às gerações futuras. Este valor é utilizado pelas agências federais para avaliar o impacto ambiental de diferentes propostas legislativas. Com esta revisão, o custo imputado a, por exemplo, repelir o Clean Power Act virá, portanto, muito menor. Os argumentos técnicos por detrás esta brutal depreciação são, em si mesmo, reveladores: restringiu-se a análise dos impactos aos EUA ignorando, assim, os efeitos globais das emissões; reduziu-se a importância atribuída aos impactos nas gerações futuras.  Ou seja, colocaram-se os americanos contemporâneos (aqueles que votam!) em primeiro lugar.

3. BOAS NOTÍCIAS. Enquanto isto, o mundo move-se e as tecnologias renováveis limpas (nomeadamente o solar, as eólicas e a conversão avançada) vão-se tornando crescentemente competitivas. Por exemplo, os vencedores de recentes leilões para a construção e exploração de vento offshore no Reino Unido asseguram produção de energia a apenas £57,5 /MWh, mais barata do que nuclear e gás. Não é a política que vai salvar o acordo de Paris mas antes a economia.