O meu contributo para o Congresso do PSD

O PSD precisa de voltar a ter um discurso, propostas e ação que respondam aos novos problemas que crescem, sem resposta, nas cidades. 

O PSD precisa de voltar a liderar políticas que deem respostas aos problemas do ambiente e das alterações climáticas. O PSD precisa de ter um discurso urbano e voltado para o futuro.

Os portugueses esperam que o próximo Congresso do PSD se traduza na apresentação de um novo líder do partido, mas também na afirmação de propostas responsáveis, alternativas à atual governação e que deem resposta a muitos dos problemas resultantes do desenvolvimento.

O PSD tem vindo a diminuir a sua influência eleitoral nos centros urbanos, nomeadamente nas duas áreas metropolitanas. Trata-se de uma tendência que não se observou apenas nas últimas eleições autárquicas, mas vem de anteriores eleições.

As causas para a diminuição dos resultados eleitorais do PSD nos grandes centros urbanos serão várias. Em alguns casos, as opções quanto aos candidatos foram manifestamente erradas, mas noutros casos as propostas não corresponderam à satisfação dos problemas sentidos pelas populações.

Ora, se quanto às escolhas de candidatos facilmente se pode corrigir não repetindo escolhas erradas, no que respeita às propostas importa saber dar resposta aos atuais problemas da vida nas cidades.

O desenvolvimento das cidades trouxe novos problemas e novas exigências para os quais o PSD não tem sabido encontrar resposta. O PSD não tem sido protagonista na apresentação de soluções para os novos problemas urbanos.

Cerca de metade da população portuguesa está concentrada nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, onde também é gerada cerca de metade da riqueza do país. A resposta aos problemas específicos destas áreas corresponde à satisfação de uma parte significativa da população e traduz-se num impacto decisivo para a riqueza nacional.
Importa que o PSD volte a ser inovador e construa um discurso moderno, assente em propostas que sejam solução para os novos problemas do desenvolvimento das cidades.

Sem esquecer os problemas do país em geral, há uma realidade específica nas cidades em que o PSD, enquanto grande partido nacional, terá de apostar sem complexos. Questões como a reabilitação urbana, o turismo, a mobilidade, as cidades inteligentes e o ambiente ou a exclusão social são hoje alguns dos grandes temas do desenvolvimento urbano para os quais o PSD tem de ter um discurso e propostas que correspondam às necessidades sentidas.

Por outro lado, o desenvolvimento trouxe à evidência problemas de sustentabilidade que já não são ‘invenções de cientistas’ ou visões pessimistas. As alterações climáticas são uma realidade sentida em todo o mundo e Portugal será dos países mais afetados com as mudanças do clima. Já não se trata de previsões longínquas e incertas, mas antes de consequências evidentes.

O PSD foi precursor em Portugal de um discurso e de uma ação nas questões do ambiente, mas foi perdendo o protagonismo. Hoje estão identificados novos problemas que devem ser encarados como uma oportunidade para renovar o discurso e o pioneirismo.

As adaptações às mudanças climáticas nas cidades, na agricultura e nas florestas, a produção e eficiência energéticas, a gestão da água na captação, armazenamento e utilização são matérias centrais para a sustentabilidade dos recursos e, por consequência, para a sustentabilidade do desenvolvimento nacional. Importa, também aqui, que o PSD tenha propostas adequadas para responder a estes desafios.

Em suma, o PSD precisa de modernizar o seu discurso. O próximo Congresso pode e deve ser o ponto de partida para um compromisso com a renovação do protagonismo em novas soluções para novos problemas.