Autoeuropa. Trabalhadores votam na quinta aumentos salariais

Impasse continua, mas a contestação em torno do atual presidente da CT, Fernando Gonçalves, tem vindo a ganhar cada vez mais terreno

Os 5700 trabalhadores da Autoeuropa vão ser chamados na quinta-feira para votarem a proposta de aumentos salariais previstos no pré-acordo estabelecido entra a administração da fábrica de Palmela e a comissão de trabalhadores (CT), depois de se terem reunido ontem em plenário. Em cima da mesa estão aumentos de 3,2% para este ano com retroativos a outubro, num patamar mínimo de 25 euros – ainda assim, abaixo dos valores propostos pela estrutura liderada por Fernando Gonçalves, que pedia aumentos de 6,5%, num mínimo de 50 euros. 

Mas o i sabe que a contestação em redor do presidente da CT está a ganhar novos contornos. Depois do abaixo-assinado apresentado no início deste mês por cerca de 200 trabalhadores a pedir a destituição desta estrutura por não se sentirem representados, ontem, os antigos responsáveis pela CT acusaram a atual liderança de não apresentar qualquer novidade neste pré–acordo face aos anteriores que já tinham sido alcançados e que foram chumbados pelos trabalhadores.
Ainda assim, Fernando Gonçalves admite que está confiante que a proposta ontem apresentada receba luz verde por parte dos trabalhadores da fábrica de Palmela.

Também acordada com a administração foi a passagem a efetivos de 250 trabalhadores que estão a termo, assim como o pagamento de um subsídio que equivale a 10% do ordenado-base a trabalhadoras grávidas. Foi ainda aprovado o “pagamento de uma gratificação de 100 euros ou 200 euros em abril de 2018 conforme a antiguidade” do trabalhador. 
Já a compensação para os novos horários de trabalho ao fim de semana será objeto de uma negociação autónoma a partir de agosto, altura em que a Autoeuropa deverá aumentar a produção de forma significativa para responder ao volume de encomendas do novo veículo T-Roc e, desta forma, terá de implementar os turnos contínuos.

Alemanha recebe descapotável

Mas enquanto se assiste a este impasse na Autoeuropa, a Volkswagen decidiu que vai produzir a versão descapotável do T-Roc na Alemanha, na fábrica de Osnabrück . Esta era uma das hipóteses, tal como já tinha sido avançado pelo i, uma vez que esta unidade só estava a produzir o modelo Tiguan antigo, que tem apenas como destino o mercado norte-americano.

Para receber este novo modelo, a marca alemã prepara-se para investir 80 milhões de euros. A ideia é produzir 20 mil unidades por ano a partir de 2020.

“A Volkswagen está a evoluir para uma marca de SUV. O T-Roc já está a impor as regras no segmento de SUV compactos. Com o descapotável inspirado no T-Roc vamos ter um modelo altamente emocional nesta gama”, revelou o presidente da Volkswagen, Herbert Diess, em comunicado.

“Podemos contar com a experiência de décadas em descapotáveis da equipa de Osnabrück. Esta fábrica tem agora perspetivas brilhantes para o futuro”, salientou. 

Inaugurada em 2009, esta unidade tem 2300 trabalhadores e conta regularmente com o trabalho de portugueses destacados.