A educação cívica: a natureza e os animais

O proibicionismo primário, seja do que for, é um caminho complexo e gerador de fundamentalismos desnecessários

«Algumas pessoas mudam de partido em defesa dos seus princípios. Outros mudam de princípios em defesa do seu partido».
Winston Churchill

Tive a felicidade de ter nascido, de ter sido educado e de ter crescido e ganho maturidade e a maioridade com valores de vida onde o respeito pela natureza e pelos animais sempre estiveram presentes. 

Filho e neto de agricultores, de comerciantes e de funcionário público, vivi sempre rodeado de animais – e de tudo aquilo que a natureza pode proporcionar de melhor. 

Habituado desde que me conheço a respeitar a natureza e os animais, ainda hoje eu e a minha mulher tudo fazemos para que os nossos três filhos assimilem os mesmos valores. Fazemo-lo fieis às nossas origens familiares e com base no respeito (não só teórico…) a valores de vida que reputamos de essenciais. E também enquanto cidadãos defensores de todo um conjunto de princípios éticos, morais e de interesse social.

Recuando muitos anos, recordo-me de animais que foram importantes na minha vida. O meu cão Tirol, o meu cão Tintim, o meu cão Belém (entre outros), os meus gatos (ou gatas) Carmizé, Nitinha, Farrusco, etc. Já para não falar dos peixes, das rolas, dos papagaios, dos porquinhos da Índia… 

Tantos e tantos animais que, durante anos, viveram comigo e com a minha família, como membros de pleno direito do nosso universo familiar. E que tantas vezes me deixaram de coração partido quando adoeceram ou desapareceram. Aliás, alguns deles levaram-me a conhecer diversos consultórios de veterinários e a acompanhá-los na doença e em tratamentos. Já para não falar das muitas vezes que, na companhia de meu irmão, pai e avós, tivemos de ser nós próprios os farmacêuticos de serviço. 

Mas hoje vivemos muitas contradições no que diz respeito à educação cívica, para a natureza e para os animais. Contradições e fundamentalismos muitas vezes sem sentido. São inúmeros os exemplos, ampliados pelas redes sociais, alimentadas pelo generalismo e pela incoerência. Porque não têm em conta aquilo que é verdadeiramente a educação cívica, em razão de valores ético-morais determinantes para a vida em sociedade. 

A verdade é que muitos de nós, com raízes de vida alicerçadas no respeito pela conservação da natureza e pelos direitos dos animais, consideramos que se tem ido longe demais nesses domínios, em comparação com os direitos das pessoas. E uma coisa não impede a outra. Mas não é compaginável com a realidade, em determinados domínios, como fiscalmente (já para não falarmos de outros também relevantes), que se criem regimes jurídicos de equiparação ou até de outra natureza. 

Muitos de nós temos animais connosco e tudo continuamos a fazer para terem uma vida o mais digna possível. Sempre o fizemos e não recebemos  lições de ninguém. Antes pelo contrário. Diferente é, nas atuais sociedades contemporâneas inclusivas e plurais, pactuarmos com campanhas baixas, fundamentalistas, quando chamamos a atenção para aquilo que consideramos exageros. 

Tal aconteceu recentemente comigo. Quando há semanas atrás aqui escrevi sobre este tema, e em particular sobre a tauromaquia. Assumindo-me como um não aficionado, que não frequenta o meio e as praças de toiros (se em toda a minha vida fui a cinco touradas, foi muito…), respeito e entendo quem gosta de touradas, bem como respeito e percebo a importância das touradas e dos toiros para a economia do campo. Já para não falar da importância de respeitarmos usos e costumes, tradições de várias comunidades do território português, em particular do Alentejo e do Ribatejo.

O proibicionismo primário, seja do que for, é um caminho complexo e gerador de fundamentalismos desnecessários. E num país como Portugal, que tem na agricultura e na criação de gado um dos cimentos da construção da sua identidade, pôr em causa de forma radical a existência das touradas parece-me manifestamente um exagero.

Daqui decorre o apelo para que os radicais e fundamentalistas da ‘ideologia dos direitos dos animais’ não usem a ofensa como forma de se arvorarem em únicos defensores dessa causa. Porque poderão perder a razão. Esta matéria é um exemplo de que o radicalismo e a vontade de legislar fora da realidade só poderão criar divisões desnecessárias. 
Por mim, continuarei a fazer o que faço há muitas décadas. Ter animais, não só para minha satisfação e o meu ego pessoal, mas sobretudo para que sejam felizes e tenham uma vida de acordo com a sua condição. Dando-lhes conforto, comodidade, liberdade e bem estar. Colocando-os, se necessário, acima dos nossos interesses, com o devido bom senso. 

Será importante, pois, que ninguém se aproprie indevidamente de causas como esta. Porque, para a educação cívica, a defesa da conservação e preservação da natureza e dos direitos dos animais é uma causa — não de hoje mas de muitas décadas.

Conveniente
BTL

Iniciou-se mais uma edição da Bolsa de Turismo de Lisboa. Uma edição que, no seguimento das anteriores, atesta o que de melhor existe no setor. Operadores turísticos, hoteleiros, principais distribuidores turísticos, tudo lá está representado. Com muito profissionalismo e com uma atratividade que é justo distinguir. A bem de uma área relevante para a nossa economia.

Inconveniente
Serviço Nacional de Saúde

Passados quase dois anos e meio sobre o início da governação da ‘geringonça’, é cada vez mais claro o quanto na área da saúde a ação do Governo tem sido negativa, prejudicando utentes e pondo em causa o Serviço Nacional de Saúde. Quem diria que seria na saúde que a ‘geringonça’ viria a ter mais problemas?