Comissão parlamentar de Economia aprova audição de Manuel Pinho

Ex-ministro da Economia é arguido no caso EDP

A comissão parlamentar de Economia, Inovação e Obras Públicas aprovou esta quarta-feira o requerimento do PSD para convidar o antigo ministro Manuel Pinho para uma audição.

O objetivo é que o antigo governante possa "esclarecer cabalmente" as decisões que tomou quando esteve à frente do Ministério da Economia, nomeadamente no setor energético, e as alegadas relações com o Grupo Espírito Santo (GES).

"Podemos por começar por convidar o Dr. Manuel Pinho, já que não podemos chamar, porque não faz parte do Governo e de uma entidade passível de ser obrigado a vir ao parlamento, mas penso que temos o dever de o convidar para começar aqui um conjunto de esclarecimentos", afirmou hoje o social-democrata Emídio Guerreiro, citado pela agência Lusa.

O requerimento foi aprovado com a abstenção do Bloco de Esquerda. Para justificar esta posição, Heitor de Sousa recordou a intenção de ser constituída uma comissão de inquérito sobre o "pagamento de rendas excessivas aos produtores de eletricidade", na qual estará inserida uma audição com Manuel Pinho, pelo que o "requerimento [do PSD] pode entrar dentro do âmbito das audições que serão feitas".

"Acho que seria um pouco mais prudente, em vez de estarmos a aprovar uma audição de uma pessoa em concreto, que fará parte das pessoas cuja audição será solicitada na comissão de inquérito. Não me parece que seja muito adequado estar a decidir sem saber se as coisas tiveram mais algum desenvolvimento em concreto", disse o deputado à agência Lusa.

Recorde-se que o advogado de Manuel Pinho, Ricardo Sá Fernandes, explicou na segunda-feira que o ex-ministro, que é arguido no caso EDP. Está disponível para prestar esclarecimentos no Parlamento, mas só depois de ser ouvido pelo Ministério Público.

Manuel Pinho é suspeito de ter recebido cerca de um milhão de euros vindos do GES, entre 2006 e 2012. Estes pagamentos tinham como objetivo servir de compensação por decisões tomadas por Pinho, enquanto ministro da Economia, que beneficiassem a EDP, da qual o GES era acionista.