Cashball. Sete arguidos e um ‘saco azul’

Operação Cashball acordou o país na última quarta feira. PGR confirma que número de arguidos subiu desde então.

A investigação ao alegado esquema de compra de árbitros e jogadores no andebol e no primeiro escalão do futebol nacional conta já com sete arguidos. A informação foi confirmada ontem ao SOL pela Procuradoria-Geral da República. No centro da denominada operação Cashball está André Geraldes, diretor do futebol do Sporting. Além deste dirigente está o seu braço direito no clube, Gonçalo Rodrigues, e dois empresários que serviam como intermediários para conversas e pagamento de ‘luvas’: João Gonçalves e Paulo Rodrigues.

A operação foi desencadeada na última quarta-feira com diversas buscas na capital levadas a cabo por cerca de 40 elementos da Polícia Judiciária do Porto. No dia seguinte, os arguidos – aí eram só quatro – foram colocados em liberdade, tendo ficado Geraldes obrigado a pagar uma caução de 60 mil euros e impedido de exercer funções desportivas. O único que aceitou prestar declarações foi Paulo Silva, os restantes mantiveram-se em silêncio quando presentes ao Tribunal de Instrução Criminal do Porto.

Segundo o jornal i, as buscas foram muito «produtivas» e o Expresso adiantou que nas diligências no clube de Alvalade, feitas no gabinete de Geraldes, foram encontrados 60 mil euros, o que para os investigadores significa que poderá existir um ‘saco azul’.

Paulo Silva já tinha contado o que sabia ao Ministério Público e terá mesmo aceitado entregar o seu telemóvel para que fossem feitas diligências. É nesse aparelho que constarão diversas mensagens trocadas com um elemento alegadamente ligado ao Sporting, segundo noticiou ontem o CM, e das quais resulta que foi posto em marcha um esquema para que fossem comprados árbitros de andebol.

Àquele jornal Paulo Silva referiu que recebia 350 euros por cada árbitro corrompido, mas adianta que era o que sentia pelo clube que o levou a fazer o que fez: «Só fiz isto para combater a fraude que já existia nas modalidades».

Paulo Silva colaborou durante os últimos meses com as autoridades, tendo confirmado desde o primeiro momento que este problema não é só do andebol nem só do Sporting, mas sim de diversas modalidades e de diversos clubes.

O SOL sabe que após ter entregue o seu telemóvel no MP o empresário foi novamente chamado a depor por terem sido encontradas mensagens trocadas com jogadores de futebol.

Essas mensagens alargaram o âmbito de um esquema de corrupção que inicialmente se circunscrevia ao andebol para um que atinge várias modalidades, inclusivamente jogos da primeira liga de futebol.