Perda de receitas e patrocinadores

Banca também está preocupada com a instabilidade vivida no Sporting. SAD apresentou perdas de 8,9 milhões no 1.º trimestre.

A atual crise vivida em Alvalade está a provocar danos na imagem da marca Sporting e pode acarretar a perda imediata de receitas. A garantia é dada ao SOL por Daniel Sá, diretor executivo do IPAM (Instituto Português de Administração de Marketing) e especialista em marketing desportivo. «Esta situação colocará o Sporting atrás de Benfica e Porto para a nova época», salienta.

Daniel Sá lembra que esta instabilidade já se arrasta há quase quatro meses. Mas, no curto prazo, há o risco para o clube de perda de receitas, que no exercício 2016/17 ascenderam a quase 173 milhões de euros. «Deste montante, 93 milhões resultaram da transferência de jogadores, condicionando a capacidade negocial do Sporting, que ficará mais fragilizada, para não referir a hipotética rescisão de contrato por alguns jogadores. Os restantes 80 milhões de euros resultaram das receitas operacionais», refere o especialista.

Estas declarações surgiram no mesmo dia em que o clube leonino perdeu dois patrocinadores. O Grupovarius, o principal patrocinador do judo, anunciou que quer desvincular-se do clube de Alvalade, bem como de qualquer outros compromissos e relações entre as partes. «A comissão executiva do Sporting clube de Portugal deveria ter-se demitido, elevando assim os superiores interesses do clube e dos sócios. Uma vez que isso não sucedeu e a arrogância e prepotência falaram mais alto, não existem condições para continuar ligados a uma imagem de violência, escândalos e incongruência», disse em comunicado. 

Também o grupo Inforphone, parceiro tecnológico de Alvalade, vai-se desvincular do clube por considerar que «a marca Sporting estar a prejudicar o bom nome e imagem» da empresa. «Perante todos os acontecimentos e tomada de posição por parte da direção do Sporting Clube de Portugal, […] entendemos que já não existem condições para estarmos ligados a uma imagem que nos origina um sentimento de vergonha, arrogância e, acima de tudo, desrespeito pelo nosso esforço em investir no clube e estar associado ao mesmo», disse em comunicado.

Banca preocupada 

A instabilidade do clube está também a atingir o setor financeiro. Ainda esta sexta-feira, o vice-presidente do BCP garantiu que «o tema do Sporting preocupa a banca». Aliás, o BCP foi, com o Novo Banco, uma das instituições bancárias que concederam um ‘perdão’ da dívida do Sporting no montante de 94,5 milhões de euros, ao aceitar a redução da dívida da Sporting SAD de 135 milhões para 40,5 milhões através dos Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis (VMOC). Uma questão que obrigou Nuno Amado a justificar tal decisão quando apresentou os resultados trimestrais: foi em «defesa» dos interesses do banco, alegou. 

Prejuízos no 1º trimestre

Estas preocupações coincidiram ainda com a divulgação de resultados do primeiro trimestre, com a SAD do Sporting a apresentar prejuízos de 8,9 milhões de euros. Ainda assim, representa uma melhoria face ao período homólogo, altura em que apresentou perdas de 11,4 milhões de euros.

Até março deste ano, a sociedade registou uma subida dos seus rendimentos operacionais, justificado pela participação e prestação do clube na Liga dos Campeões, bem como pelas eliminatórias da Liga Europa (que valeram 6,7 milhões de euros). Também o aumento dos rendimentos com a ‘bilheteira jogo a jogo’ e com a Gamebox gerou 1,2 milhões de euros.

Já no acumulado dos primeiros nove meses do ano fiscal (de julho de 2017 a março de 2018) a SAD registou um lucro de um milhão de euros.