As prioridades dos deputados

Apesar de Costa e Centeno esfregarem as mãos de contentamento e procurarem vender a risonha ideia de um notável crescimento económico, a realidade é bem distinta da que aquela dupla, com a benção presidencial, nos quer fazer crer.

É verdade que o País tem assistido a uma gradual melhoria da sua economia, mas a um ritmo incompreensivelmente demasiado lento, atendendo às condições favoráveis que o têm permitido: por um lado um factor externo, associado ao crescimento das principais economias mundiais; e por outro um factor interno, fruto do considerável aumento do turismo.

A economia portuguesa está a crescer, sim, mas menos do que a média europeia, não aproveitando, dessa forma, a boleia dos nossos parceiros do velho continente.

Continuamos alegremente na cauda da Europa e já conseguimos ser ultrapassados por uma série de países que há apenas duas décadas se libertaram da cortina de ferro.

O défice é dos mais baixos da partidocracia restaurada há 44 anos, mas à custa de quem trabalha honestamente e paga atempadamente os seus impostos.

Os discípulos de Marx, que agora nos desgovernam de novo, ainda não conseguiram interiorizar uma equação bem simples: o Estado não tem dinheiro e, para sua sobrevivência, serve-se daquele que é pertença dos contribuintes! E como são de ideias fixas há que chular o Zé Povinho até só lhe restarem os ossos, porque o importante é insistir-se no reforço do sector público, em detrimento da melhoria das condições de vida das pessoas.

Vai daí toca a aumentar os impostos a uma cadência alucinante, apostando-se descaradamente nos indirectos, por a sua visibilidade poder ser mais facilmente escamoteada. A título de exemplo registe-se que há mais de oito semanas consecutivas que os combustíveis aumentam, quando a tendência nos países economicamente estáveis vai em sentido diametralmente oposto.

Nunca, desde que há registos oficiais para esse efeito, a nossa carga fiscal foi tão brutal como agora.

Muito se tem enaltecido a redução do défice, mas esta não ocorreu através da diminuição da despesa pública, como qualquer leigo em finanças o recomendaria, mas sim porque, sistematicamente, se está a ir ao bolso do contribuinte, atingindo-se um limite que as famílias já não têm capacidade de superar.

Os nossos governantes, em desespero, chafurdam por todo o lado à procura de valores onde consigam pôr a mão, estrangulando as empresas que geram emprego e os pequenos negócios que permitem a sobrevivência das famílias.

Até o turismo, o tal factor interno que tem contribuído decisivamente para o lento crescimento económico do País, já não escapa aos sanguessugas do Estado, que não vão descansar enquanto não liquidarem aquela que é de momento a nossa galinha dos ovos de ouro.

Para agravar este quadro negro para o qual a nossa classe política nos conduziu, totalmente contrário à versão cor-de-rosa que esta nos procura impingir, acresce-se a fatalidade que representa para as gerações futuras o endividamento do País. A dívida pública continua a disparar diariamente, a níveis assustadores, não se vislumbrando no horizonte a adopção de medidas concretas e eficazes que ponham cobro a este descalabro.

Os jovens de hoje, e aqueles que virão a ser os seus filhos, estão condenados a suportar até ao fim das suas vidas os desvarios irresponsáveis dos revolucionários de Abril e de quase todos os que lhes têm sucedido no assalto ao aparelho do Estado, não lhes restando outra alternativa que não a de pagarem com o seu dinheiro as dívidas contraídas e acumuladas por quem tinha a obrigação de zelar pela conservação do tesouro público.

Portugal está na moda. Sem dúvida, mas para os turistas!

Para quem aqui nasceu e aqui vive a vida tornou-se um pesadelo.

Os jovens foram sentenciados a permanecer no lar dos progenitores até uma idade em que seria suposto terem família constituída, consequência dos baixos salários que auferem, absolutamente incomportáveis para arrendarem ou adquirirem casa própria, no mercado a preços exorbitantes.

O salário mínimo nacional mantém-se dos mais irrisórios praticados por esse mundo fora, com a agravante de a generalidade dos patrões portugueses a ele recorrerem abusivamente, seja por deficiente formação moral ou por a isso serem mesmo obrigados, fruto de se encontrarem atrofiados com a parcela exagerada da facturação que vai directamente para os bolsos do Estado.

O serviço nacional de saúde rebenta pelas costuras, com os profissionais do sector a paralisarem frequentemente em greves intermináveis, deixando os doentes à porta das consultas sem o necessário e imprescindível tratamento.

Os transportes públicos são a miséria que se conhece, com atrasos inconcebíveis e com os trabalhadores do ramo, dos mais bem pagos no funcionalismo público, a recorrerem igualmente a greves sucessivas, que deixam apeados os utentes que deles dependem para se deslocarem para os seus locais de trabalho.

O ensino hoje ministrado nas escolas é de uma pobreza franciscana, com níveis de conhecimento bastante fracos entre a maioria dos estudantes, não só pela fraca qualidade  dos programas mas também em resultado das passagens de ano quase administrativas, porque a verdadeira preocupação dos governantes baseia-se nas estatísticas que apostam na melhoria do aproveitamento escolar. Além de mais os professores são obrigados a ficar reféns de alunos indisciplinados, quando não mesmo criminosos, inibindo a progressão dos restantes colegas e transformando as escolas em locais frequentados por delinquentes.

Para ajudar à festa saliente-se que Portugal tem sido identificado lá por fora como estando no topo dos países corruptos, reconhecendo-se que a corrupção tornou-se num obstáculo inultrapassável para o desenvolvimento económico do País.

Perante este mapa obscuro de um Portugal moribundo seria de esperar que se legislasse com inteligência e oportunidade, permitindo-se, dessa forma, que todos aqueles problemas que deixaram a sociedade portuguesa gravemente enferma sejam combatidos por todos quantos  abraçaram a causa do serviço público.

Como é óbvio essa responsabilidade recai, em primeiro lugar, nos deputados que assentaram praça em S. Bento e cujos generosos honorários e demais benesses são por todos nós suportados.

Acontece, no entanto, que as prioridades dos distintos deputados têm sido outras, a julgar pelas matérias com que se têm entretido nas horas em que deveriam produzir legislação eficaz que nos ajude a sair da cauda da Europa.

Eutanásia, aborto livre, barrigas de aluguer, casamentos homossexuais, adopção de crianças por casais homossexuais, permissão de mudança de sexo a partir dos 16 anos de idade, entrada de animais em restaurantes, são, entre outras nobres causas de calibre idêntico, as leis dos residentes que, pomposamente, baptizaram o seu habitáculo como a casa da democracia, entendem como as necessárias e convenientes para salvar Portugal do infortúnio a que a incompetência e desvergonha de péssimos políticos  o dirigiu.

Estamos conversados quanto à utilidade dessa gente.

Não se admirem, pois, que no léxico popular a palavra deputado seja cada vez mais identificada como sinónimo de parasita!