Colapso

O colapso do Estado surge quando este não consegue suprir as necessidades básicas dos seus cidadãos. E é isso que, sobretudo por falta de organização, está a acontecer em Portugal.

Ironicamente, existe agora um anúncio na internet (e que, suponho, também deve ser exibido na televisão) sobre a linha de apoio da segurança social. Alguém devia processar o Estado por publicidade enganosa, pois essa linha, simplesmente, não funciona.

Tudo começou ontem, 22 de maio, quando, ao consultar o meu extrato bancário, verifique que a Segurança Social me tinha tirado dinheiro. Naturalmente, tentei saber porquê. Liguei para a tal linha de atendimento da Segurança Social, que não me soube responder, mas que me deu um segundo número de telefone, para onde telefonei, só para ouvir que não me podiam ajudar, mas onde me deram o número de telefone para o qual tentei telefonar inicialmente. A desorganização não podia ser maior.

O que fazer a seguir? Logicamente, tentar ir a um balcão da segurança social. Mas não é assim tão simples. Às 9.30 da manhã, num balcão de Lisboa, já não havia vagas disponíveis para o resto do dia.

O que fazer agora? Bem, em primeiro lugar, ter paciência. Em segundo lugar, esperar por ter um dia de folga que seja simultaneamente um dia útil, e ir à segurança social, para ver se me resolvem o problema, e se me devolvem o dinheiro que me tiraram sem justificação. Se eu não tivesse folgas rotativas, teria de tirar um dia de férias, para alegremente tentar resolver essa situação.

Eu até tinha boa imagem do ministro da Segurança Social, Vieira da Silva. Mas essa boa opinião ficou muto afetada ontem. O apoio ao cidadão comum não existe.

Evidentemente, as pessoas das classes altas não passam por estes pesadelos. Mas, como ouvi em tempos alguém dizer, “só quem passa por elas é que sabe”. E há sempre um dia em que a paciência se esgota com um governo. E, mau grado o excelente trabalho de Centeno nas finanças, o dia em que isso acontecerá a este governo já esteve mais longe.

Porque temos, em boa medida, um Estado de fachada. E, senhores governantes, “só quem passa por elas é que sabe”. E os vossos falhanços começam a acumular-se.