A hora dos vencidos

O que têm em comum Pedro Sanchéz e António Costa? Ambos chegaram à chefia do governo dos seus países sem o merecerem, ou seja, sendo derrotados nas urnas!

Por Pedro Ochôa

Une-os também as artimanhas a que recorreram para a conquista do poder, aliando-se os dois a partidos ideologicamente nas antípodas daqueles que herdaram e que agora dirigem: Costa à extrema-esquerda, com os comunistas e os bloquistas, e Sanchéz, mais grave porque, além de se ter apoiado igualmente em extremistas, estes do Podemos, foi ainda mais longe, pactuando com os separatistas catalães e bascos, que se batem contra a unidade de Espanha.

Também os junta o chefiarem um governo minoritário porque, apesar dos acordos estabelecidos com os partidos que os sustentam, optaram, com a conivência destes, em governar sozinhos, não obstante disporem de uma clara minoria nos respectivos parlamentos.

Mas as semelhanças entre os dois não se ficam por aqui: são ambos socialistas, claro está!

Estudaram na cartilha de Marx e, como bons alunos, rapidamente aprenderam a máxima maquiavélica do mentor de que os meios justificam os fins, quando está em causa a tomada do poder, custe o que custar.

Por isso não tiveram nenhuns pruridos em fazerem tábua rasa dos resultados eleitorais dos quais sairam derrotados, direi mesmo, sobretudo em relação a Sanchéz, copiosamente derrotado, prontificando-se a governar num escandaloso desprezo pela vontade popular.

Tanto um como o outro estão-se nas tintas para os superiores interesses dos seus países, tendo apenas como única preocupação perpetuarem-se na condução do jogo político decisório da vida dos seus concidadãos.

Para atingirem esse objectivo venderam bem cara a alma ao diabo, entrando em contrapartidas, ruinosas para a sociedade que teriam como obrigação proteger, com quem sempre se identificou como inimigo da liberdade e da integridade territorial.

Portugal e Espanha experimentam agora um estranho modelo de democracia partidária, em que uma minoria governa a maioria.

Churchill, sem dúvida um dos grandes estadistas que a Europa conheceu, disse um dia que a democracia é a pior de todas as formas de governos, exceptuando-se as demais.

Não nos podemos esquecer, no entanto, que aquele antigo primeiro-ministro britânico foi contemporâneo de políticos que, salvo raras excepções, e independentemente das opções da natureza ideológica que partilhassem, pautavam o seu comportamento pelos valores da honestidade  e da verticalidade, não lhes passando pela cabeça o exercício de funções na cúpula do Estado sem que para isso estivessem legitimamente mandatados pelo povo que serviam.

Os tempos que actualmente vivemos são, no campo moral, bem diferentes daqueles que foram preenchidos pelos nossos antepassados mais próximos.

A honra é cada vez mais um princípio que caiu em desuso nos políticos de hoje, formatados, ainda na adolescência, nas escolas partidárias que lhes ensinam os truques e manhas de uma vida de ócio à conta do contribuinte, habituando-se desde muito novos a não respeitar nada nem ninguém.

E é esta gente, sem escrúpulos nem decência moral, que à primeira oportunidade se aproveita das debilidades do sistema político em vigor no Ocidente, que agora chega à ribalta e toma de assalto os órgãos de poder do Estado, borrifando-se nos preceitos deontológicos que até ao presente orientavam a actividade do serviço público.

Chegou a altura dos dirigentes europeus corrigirem as deficiências da partidocracia obsoleta vigente, que permite  as golpadas dos oportunistas que inundam a actual classe política, ou parem para meditar e procurar soluções alternativas à forma de governo que Churchill classificou como sendo a menos pior do que todas as outras.

Se insistirem na apatia em que se deixaram envolver poderão um dia acordar e observar a ascensão de regimes totalitários e, como consequência, apeados do conforto das cadeiras em que pesadamente se instalaram.