O país tem desde hoje em vigor uma Estratégia de Saúde na Área das Demências, sendo a primeira vez que estas doenças do foro cognitivo são objeto de um compromisso público. Passa também a haver uma Coordenação do Plano Nacional da Saúde para as Demências, com a missão de acompanhar a elaboração dos Planos Regionais para as Demências, da responsabilidade das respetivas Administrações Regionais de Saúde.
O diploma que entra hoje em vigor e publicado em Diário da República esta terça-feira – mas que não foi entretanto objeto de divulgação por parte do Ministério da Saúde – lembra que de acordo com algumas estimativas existem em Portugal cerca de 150 000 pessoas com demência, distúrbios que incluem doenças como Alzheimer. Os planos regionais para fazer face a esta realidade devem estar concluídos no prazo de um ano.
Quanto à estratégia propriamente dita, o governo optou por reproduzir na íntegra um documento produzido por um grupo de trabalho criado em 2016 para definir as bases das políticas públicas nesta área.
Os peritos identificam como pontos estratégicos prioritários fazer o levantamento dos recursos de saúde e comunitários em cada área, incluindo as instituições públicas, do setor social e solidário, privadas e académicas e definir os responsáveis, procedimentos, normas de acesso e articulação para os doentes.
Consideram também fundamental conhecer as necessidades biopsicossociais e as preferências das pessoas com demência e dos seus cuidadores.
A consciencialização pública e a formação de profissionais de saúde são outros desafios.
É ainda proposto clarificar o percurso de cuidados das pessoas com demência, começando pela identificação precoce dos casos – um recente relatório da OCDE alertavam que metade dos casos a nível global estará por diagnosticar.
Em comunicado, a Associação Alzheimer Portugal congratulou-se esta tarde pela aprovação da Estratégia da Saúde na Área das Demências por parte do Ministério da Saúde e fala de uma vitória.
Ainda assim, José Carreira, presidente desta associação, avisa que faltam medidas concretas. “Ainda falta a articulação desta estratégia com o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, de modo a que se criem os apoios necessários à melhoria das condições de vida das pessoas com demência, bem como dos seus cuidadores”.