Ativistas manipulam Google e agora quando se busca “idiot” aparece Trump

Acossado pelas críticas, o presidente dos EUA agora já acusa Putin de ingerência nas eleições norte-americanas 

O presidente norte-americano, Donald Trump, considera-se um “génio muito estável”, mas o algoritmo do Google parece discordar. Quem pesquisar por “idiot” no motor de pesquisa facilmente encontrará dezenas de fotos de Trump. Tudo porque vários ativistas informáticos resolveram fazer uma campanha digital de protesto contra o líder da Casa Branca, na altura da sua da sua visita ao Reino Unido. Os ativistas queriam colocar a música “American Idiot”, dos Green Day, em primeiro lugar na tabela de pesquisas do Google para ridicularizar Trump, mas falharam. Só que em consequência conseguiram fazer com que o algoritmo do motor de busca vá buscar imagens de Trump sempre que alguém pesquisa a palavra “idiot”. 

Não é a primeira vez que alguém chama idiota a Trump. O ator Robert De Niro chamou-lhe isso várias vezes e outras coisas mais. E nos últimos dias, Trump tem sido acusado disso e de coisas mais graves, até de “traição” – como escreveu no Twitter o ex-diretor da CIA John Brennan -, depois da cimeira com Vladimir Putin, em Helsínquia, em que o presidente dos EUA alinhou com o seu homólogo russo e criticou o seu próprio país pelas más relações entre as duas nações.

Ao dizer que confiava na palavra do seu homólogo sobre a não interferência na campanha presidencial norte-americana de 2016, Trump foi alvo da fúria de democratas e republicanos. Esperavam que denunciasse a interferência russa, mas o chefe de Estado limitou-se a dizer: “Não vejo razões porque faria isso”, disse aos jornalistas, na conferência de imprensa. 

As críticas foram-se somando e Trump voltou atrás com a palavra, tal como já aconteceu no passado. Garantiu que se havia “expressado mal” e que realmente concordava que tinha havido interferência russa. “Deixem-me ser totalmente claro ao dizer que aceito a conclusão da nossa comunidade de inteligência de que a Rússia interferiu nas eleições de 2016”, afirmou Trump, acrescentando que a interferência não teve, porém, impacto na sua eleição para a Casa Branca. 

Declarações que parecem não ter sido suficientes para tranquilizar os seus aliados e opositores na política interna. O presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Paul Ryan, chegou inclusive a afirmar que o comportamento errático do chefe de Estado “é o erro mais grave que cometeu na sua presidência”. Sem conseguir acalmar os ânimos, Trump voltou a insistir nas suas últimas declarações, subindo de tom contra Putin. 

Numa entrevista ao canal norte-americano CBS, o presidente dos EUA garantiu que considera Putin pessoalmente “responsável” pela interferência russa porque é “o responsável pelo país”, referindo que ele próprio se “considera responsável pelas coisas que acontecem” nos Estados Unidos. Questionado sobre se concorda com as conclusões das agências de informação norte-americanas, Trump não hesitou em garantir que sempre afirmou que concordava: “Sim, sempre disse isso. Disse-o sempre em numerosas ocasiões e diria que são verdadeiras, sim”. 

Se as agências estão a dizer a verdade, como Trump agora concorda, então Putin mentiu-lhe. Confrontado com esse dilema, o presidente dos EUA respondeu, depois de uma breve pausa, que não queria responder se Putin “mentiu ou não”. “Apenas posso dizer que tenho confiança nas nossas agências”, acrescentou, repetindo o guião que tinha em mãos. “Temos pessoas excelentes, o que quer dizer  que quando me dizem alguma coisa isso tem um grande significado”, continuou.

Se Trump estava a seguir o guião do seu gabinete à risca durante a entrevista, voltou a dar novo passo em falso quando desvalorizou as críticas que lhe foram dirigidas. “Discordo completamente. Penso que foi uma conferência de imprensa muito boa”, afirmou o presidente norte-americano. “As pessoas dizem que deveria chegado e ter-lhe gritado na cara. Vivemos no mundo real, ok”, acrescentou.  

Trump explicou ainda o que discutiu com Putin à porta fechada em Helsínquia, a proliferação nuclear e a proteção de Israel foram dois temas em destaque. Sobre a Coreia do Norte, um dos principais dossiers a que se tem dedicado, o presidente dos EUA garantiu que Putin lhe disse que estava a fazer um “excelente trabalho”. “Disse que daria uma ajuda e acredito que o fará”.

Ontem, Trump mostrou-se “desejoso” de um segundo encontro com o líder do Kremlin, porque a cimeira “foi um grande êxito”, ao contrário do que diz “o verdadeiro inimigo do povo, os média de notícias falsas.”