EUA. Mais de 300 jornais responderam aos ataques de Trump contra a imprensa

Por proposta do “Boston Globe”, os jornais criticaram em editoriais os ataques à imprensa

As bancas dos Estados Unidos foram hoje inundadas com editoriais de mais de 300 publicações norte-americanas contra os ataques do presidente Donald Trump à imprensa. “Um dos pilares da política do presidente Trump tem-se baseado num ataque consistente contra a imprensa”, pode ler-se no editorial do “Boston Globe”, jornal  que avançou com um apelo aos seus congéneres para coordenarem uma resposta contra os ataques do chefe de Estado. “Os jornalistas não são definidos como concidadãos, mas como ‘inimigos do povo’”, continuou. 

“Em 2018, alguns dos ataques mais graves têm vindo de governantes”, escreveu o “New York Times”, um dos jornais mais influentes nos Estados Unidos, no seu editorial desta quinta-feira. “Insistir que as verdades que não se gosta são ‘fake news’ é perigoso para a vitalidade da democracia. E chamar aos jornalistas ‘inimigos do povo’ é perigoso, ponto final”, criticou. 

Os jornais norte-americanos que aderiram ao apelo para defenderem o jornalismo dos ataques de Trump foram atacados por uns e defendidos por outros. Mas quem não deixou de responder foi o principal visado, o presidente Trump. “Os média das fake news é o partido da oposição. É muito mau para o nosso grande país…mas estamos a ganhar!”, disse o chefe de Estado, em maiúsculas, na rede social Twitter. E, como lhe é costume, voltou poucos minutos depois ao ataque para acusar a imprensa norte-americana de “escrever e dizer tudo o que quer, mas a maioria do que diz são fake news, pressionando para uma agenda política ou tentando pura e simplesmente atingir pessoas”. 

A verdade é que o discurso de Trump contra a imprensa está  a influenciar a opinião pública.  Segundo uma sondagem da Ipsos deste mês, 48% dos republicanos inquiridos concordaram que a “imprensa é o inimigo do povo norte-americano”. E uma outra, feita esta semana, concluiu que 51% dos republicanos defendem que a imprensa é mais um inimigo que uma “parte importante da democracia” no país. E mais de um quarto dos norte-americanos afirma hoje que o chefe de Estado deve ter o poder de encerrar os jornais que considere serem ameaça para o país.