Futebol, turismo e agressões

O futebol regressou em força. E apesar de ainda estarmos em agosto, os ambientes desportivos já aqueceram.  Lá para as bandas da Croácia, dois jovens portugueses lembraram-se de usar camisolas do FC Porto e foram sovados até à exaustão por um conjunto de cobardes, certamente adeptos de um clube rival, que em manifesta superioridade numérica…

O futebol regressou em força. E apesar de ainda estarmos em agosto, os ambientes desportivos já aqueceram. 

Lá para as bandas da Croácia, dois jovens portugueses lembraram-se de usar camisolas do FC Porto e foram sovados até à exaustão por um conjunto de cobardes, certamente adeptos de um clube rival, que em manifesta superioridade numérica lhes atiraram montes de impropérios bem lusitanos, no intervalo dos socos e pontapés.

Calhou serem do FC Porto. Poderiam ser do Benfica ou do Sporting. Não importa. Só consigo dizer: inaceitável, intolerável! A necessitar de investigação urgente das entidades oficiais. Defendo há muito que os organismos que superintendem o futebol deveriam travar esta escalada de violência dos adeptos, acicatados por dirigentes e redes sociais afetas a cada clube. 

 

Mas a Federação assiste impávida e serena a estas manifestações de violência. A Liga, idem, idem, aspas, aspas. De vez em quando, em discursos bem escritos, os respectivos responsáveis reconhecem que a violência tem de ser erradicada. E que se passa a seguir? Nada. 

As suspeitas sobre a isenção de vários órgãos de poder no futebol adensam-se, as arbitragens têm erros de difícil compreensão, sobretudo a nível de VAR, e que sucede? Parece que nada. Alega-se que errar é humano… Ficam as redes sociais ao rubro, vocifera-se ódio e aguardam-se os próximos episódios, todos sob o mesmo registo – ou seja, suspeição dos visados.

Do Governo, em matéria de futebóis, não espero nada. Ainda há dias, António Saraiva – a propósito de uma incursão (demagógica) de António Costa sobre a disparidade entre ordenados das chefias e trabalhadores no setor privado (obviamente chocante em inúmeros casos) – referia ser estranho o primeiro-ministro falar de temas que têm a ver com acionistas das empresas e não se meter no futebol, onde a situação é muito mais gritante. Futebol é paixão; entradas de leão no mundo da bola garantem saídas de sendeiro. Ou seja, perda de votos garantida. 

Sobra alguém para corrigir estas anomalias comportamentais em que tresloucados são olhados com respeito se forem das nossas cores clubistas e vociferarem contra os rivais? 

Fica extremamente difícil, porque as ‘máquinas’ dos clubes, bem remuneradas, estão ao serviço do status quo. 

Mudar o paradigma deveria ser a obrigação dos dirigentes das SAD cotadas, como defesa da indústria e sua credibilidade. Mas se estes não o fazem, se a FPF ou a Liga não atuam, será que a CMVM poderia ou deveria defender o mercado, já que os próprios atores invocam suspeitas de transparência?

 

P.S. 1 – Agosto na política é mês de calmaria, e os políticos portugueses preparam o regresso. No PS, o mote vai ser ‘como chegar à maioria absoluta’. E, se a campanha eleitoral já se iniciou, só falta saber como o Governo irá calar as reivindicações da Função Pública. No PSD, agora sem Pedro Santana Lopes, há que unir esforços à volta do líder ou, por outras palavras, este tem de voltar a unir-se com o partido. No CDS, a estratégia de Cristas será tentar ser a alternativa ao PS. Só falta o ‘como’ (e se Portas a ajuda, porque este CDS como está não vinga a não ser atrelado ao PSD). O PCP prepara a Festa do Avante!, ponto alto da música portuguesa todos os anos, embalado com os tiros nos pés de Robles – que Jerónimo capitalizou, referindo que «no PCP tal nunca sucederia». Quanto ao Bloco de Catarina, a digerir este caso de ‘Robles, o capitalista’, continua a almejar ser a muleta do PS para uma maioria absoluta. Tiro o chapéu a Catarina se o conseguir!

 

P.S. 2 – Algarve é destino de férias. Com um sol brilhante, as praias continuam maravilhosas mas começam a tocar sinais de alarme. Segundo li, a concorrência da Turquia, Egipto e Tunísia já se voltou a fazer sentir, com uma política de preços baixos, sempre aliciantes. Só em junho deste ano registou-se uma quebra de 11% de turistas britânicos e 20% de alemães. Alguém que reflita sobre o assunto, tomando medidas estruturais que revertam a tendência – ou 2019 e seguintes poderão ser um grave problema.

Manuel Boto 

Economista