Férias com a família

Fazer férias em família, não é uma opação de todos os pais. Vários optam por férias sem filhos. Para quem o faz em família, o reforço dos laços familiares sobretudo entre pais e filhos é algo que ajuda a reforçar melhor os desafios familiares de todo o ano

«Pais e filhos não foram feitos para ser amigos. Foram feitos para ser pais e filhos».

Millôr Fernandes

 

Nem todas as pessoas fazem férias. Mas, dos que não as fazem, a maioria é por falta de condições materiais e financeiras e só uma minoria por não ter esse hábito ou, em alguns casos, por ser ‘viciada no trabalho’. 

Das pessoas que fazem férias, a grande maioria escolhe o Verão, na praia, com sol e mar. E na companhia da família. 

Fazer férias em família é um momento único anual. São tempos diferentes, rotinas que muitas vezes acabam por ser mais que rotinas, gerando expectativas altas muitas vezes defraudadas hora a hora. 

Gerando momentos para se fazerem leituras que se iniciam e que muitas delas não se acabam. São tempos em que o descanso é quase sempre anulado por afazeres de última hora.

 

Mas são também oportunidades para conversar, conhecer e aprofundar relacionamentos com os filhos. Tudo coisas que durante o ano escasseiam, tal é a volúpia de todos os entes familiares, tão dispersos nas obrigações escolares, nas atividades desportivas e no planeamento de múltiplos compromissos.

Para quem faz férias sem abdicar de estar sempre com a família, sobretudo com mulher e filhos, a presença diária permite um relacionamento diferente. Permite falar de forma mais aprofundada de assuntos que durante o ano não é possível abordar e desenvolver como seria desejável. 

Para quem tem filhos adolescentes, e outros em idade pré adolescente, é muito importante falar de uma atitude correta de vida. Para os pais, fazê-lo é um ato de responsabilidade. É não abdicar do papel que os pais devem obrigatoriamente desempenhar na educação dos seus filhos. Contribuindo para a formação da sua consciência moral. 

 

Apesar de existirem sempre diferenças, é importante que nestas idades saibamos ter a abertura e a disponibilidade suficientes para ouvirmos e falarmos com os nossos filhos sobre coisas importantes para as suas vidas individuais, familiares e de relacionamento em sociedade.

A chamada ‘educação da afectividade na pré-adolescência’ não deve ser deixada apenas para fora de casa. Antes pelo contrário. Com as devidas diferenças, ou seja, com a capacidade de perceber que é diferente fazê-lo com rapazes e com raparigas. E não significando apenas dar-lhes mais acesso a informação científica.

 

Nestas idades são várias as mudanças emocionais e fisiológicas. Algumas delas ocorrem debaixo dos nossos olhos no dia-a-dia, mas não são logo compreendidas. O início de algo que as nossas vidas às vezes não permitem identificar, compreender e acompanhar no devido tempo.

É na disponibilidade do tempo das férias, em jeito de tempo de compensação, que melhor se acompanha e tempera tudo isto. E se interage – explicando os primeiros cabelinhos, o início da voz grossa, o buço, os cuidados com a intimidade e o pudor, a maior responsabilidade e consideração do carácter, com o equilíbrio de personalidade, com a curiosidade pelo sexo, com a compensação de vários sinais diferentes que o corpo dá (quer a rapazes, quer a raparigas). E neste capítulo não é despiciendo que se procure estimular aquilo a que poderemos chamar ‘cultura da intimidade e do pudor’, em tempos de tanto exagero e espalhafato de partilha das vidas por todo o lado. Redes sociais, sobretudo.

 

O mesmo sucede em relação à estética, aos modos de se vestirem, e de tudo o que diga respeito aos ícones que procuram seguir, em penteados, linguajares, adornos corporais e afins.

Fazer férias em família comporta também tudo isto. Proximidade, conhecimento, partilha, parceria e educação. Percebendo melhor como e onde estão os nossos filhos, os seus níveis de formação ética e moral, como se enquadram na vida familiar, sendo nós – enquanto pais realistas, pacientes e (às vezes é muito difícil…) sabedores na aplicação da sanção como valor de vida e estímulo para a correção e o crescimento.

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