Remodelação de…chefes de gabinete e assessores

Rita Faden, que vários elementos do Governo consideram ter tanto ou mais poder do que  muitos ministros, está de saída de S. Bento. Costa incompatibilizou-se na semana passada com a ‘dama de ferro’ – como era apelidada no próprio PS. Mas há mais: a chefe de gabinete de Santos Silva ruma à Dinamarca e o…

A chefe de gabinete do primeiro-ministro está de saída de S. Bento. O SOL apurou que António Costa incompatibilizou-se há dias com Rita Faden, a ‘dama de ferro’ do líder socialista, como é alcunhada no PS e no interior do próprio Governo.

Rita Faden, que há anos acompanha António Costa, está atualmente de férias e, segundo o SOL apurou junto de fonte governamental, já não deverá regressar mais a S. Bento, devendo o despacho de exonoeração ser publicado em Diário da República nos próximos dias. 

Apesar de não ser uma figura conhecida dos portugueses, Rita Faden tem um papel crucial na atividade e agenda do partido e do Governo. Sendo encarada por vários socialistas e até por governantes como mais poderosa do que muitos ministros. 

Contactada pelo SOL sobre os motivos da sua saída de S. Bento, Rita Faden respondeu de forma lacónica e no registo formal que lhe é apontado por quem se tem cruzado com a antiga  subdiretora dos Assuntos Europeus no Ministério dos Negócios Estrangeiro: «Peço-lhe que coloque essas questões ao gabinete de imprensa do senhor primeiro-ministro».

O SOL confrontou o gabinete de imprensa do primeiro-ministro, que se limitou a desmentir que a até agora chefe de gabinete de Costa estaria a caminho da Representação Permanente de Portugal Junto da União Europeia (REPER): «É falso».  

De facto, e até ontem, o SOL pode testemunhar que a saída de Rita Faden era conhecida de um núcleo muito restrito de colaboradores de António Costa.

Uma fonte do Governo adiantou ainda ao SOL que António Costa ainda não comunicou a ninguém quem será o sucessor de Rita Faden, mas o processo está encaminhado e deverá produzir efeitos a partir do início de setembro. 

Tal como o SOL já tinha escrito há um ano, Rita Faden não era propriamente muito popular no Governo nem no PS, por ter um  peso político junto do líder que incomodava muitos membros do Executivo e do partido. Houve mesmo quem falasse em «guerras palacianas» e responsabilizasse a ‘dama de ferro’ pelas intrigas que conduziram ao distanciamento de muitos antigos amigos e colaboradores de Costa. 

Na remodelação em que Costa mudou a pasta dos Assuntos Europeus, e substituiu Margarida Marques por Ana Paula Zacarias, o caso caiu mal no PS. A atual deputada manifestou publicamente que não saía pelo seu próprio pé.

E o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, fez saber que tinha «uma excelente relação» com todos os seus secretários de Estado. Na altura, foi apontado um conflito latente entre Rita Faden e Margarida Marques para a decisão final de António Costa.

Outras saídas

No Governo existem ainda mais alterações. Por exemplo, no Ministério dos Negócios Estrangeiros, a chefe de gabinete Rita Laranjinha está de saída para ocupar o posto de embaixadora de Portugal na Dinamarca. Vai substituir Rui Macieira, que assume uma nova etapa na carreira diplomática: Genebra, na  Missão Permanente junto dos Organismos e Organizações. Rita Laranjinha chegou a ser adjunta de Seixas da Costa, na Secretaria de Estado dos Assuntos Europeus, nos Governos de António Guterres. Augusto Santos Silva, o atual ministro da tutela, escolheu para sua nova chefe de gabinete  Joana Drummond Borges. Não se trata de uma nomeação completamente nova, mas sim uma promoção. Joana Drummond Borges está no Ministério dos Negócios Estrangeiros desde que o Executivo tomou  posse.  A futura chefe de gabinete do Ministério dos Negócios Estrangeiros já trabalhou no passado com Santos Silva como assessora jurídica, entre 2009 e 2011, no Ministério da Defesa, uma das várias pastas que o governante ocupou ao longo dos Governos socialistas desde o tempo de António Guterres. De realçar que a nova responsável não fez carreira diplomática, um denominador comum nos currículos dos chefes de gabinete na diplomacia portuguesa.

O ministro das Finanças, Mário Centeno, também vai perder o seu assessor diplomático, André Costa Monteiro. O responsável está de malas aviadas para Bruxelas, para ocupar uma das duas vagas abertas na REPER,   na área de Economia e Finanças. A decisão foi tomada no passado mês de julho. O assessor vem da carreira diplomática e foi chamado a Lisboa para trabalhar com Centeno quando se encontrava a desempenhar funções nos EUA. Normalmente, os assessores não são notícia e André Costa Monteiro poderia ter cumprido a tradição, não fosse uma polémica com a ida do ministro a um jogo de futebol no Estádio da Luz para ver um clássico de futebol: entre o Benfica e o Futebol Clube Porto. Foi o assessor diplomático que pediu os dois bilhetes para o ministro e para o filho, através de um e-mail, noticiado pelo Observador. O caso foi despoletado no início do ano, mas o jogo realizou-se em abril de 2017.

Mais nomeações

Numa análise ao número de nomeações feitas pelo Governo de António Costa, entre o final de 2015, momento da tomada de posse, e junho de 2018, a equipa aumentou mais de 30%. O Executivo tem 1170 pessoas escolhidas para os gabinetes dos ministros e secretários de Estado. A lista ganhou mais 282 nomeações na comparação com a de dezembro de 2015, ou seja 32%, segundo as contas do Jornal de Negócios. Costa tem mais 174 pessoas nomeadas face ao último ano do Governo de Passos Coelho.