A exumação de Franco

Franco não foi nenhum santo e, além de mais, instituiu um regime ditatorial. Trata-se de uma realidade que não pode ser escamoteada, mas daí a compará-lo aos horrores do nazismo vai uma grande distância, somente compreendida pela má-fé ou ignorância de quem a esse insulto recorre.

O presidente do governo espanhol, que conseguiu apoderar-se daquele lugar apesar de ter sido humilhado nas urnas, onde o seu partido sofreu a pior derrota das últimas décadas, como bom socialista que é e profundo conhecedor da cartilha de Marx, que devorou na sua juventude, a primeira medida que implementou assim que chegou a La Moncloa foi a de aumentar consideravelmente a carga fiscal.

Resultado, o País, depois de se ter notabilizado como uma das economias mais pujantes da Europa pós-crise, entrou em recessão económica, com as empresas a estagnarem e o desemprego a subir.

Mas não satisfeito resolveu ainda cavar um fosso dentro da sociedade espanhola, abrindo feridas do passado e que há muito se encontravam cicatrizadas, ao conspirar para impôr a exumação do antigo Chefe de Estado Francisco Franco, cujos restos mortais repousam no Vale dos Caídos há quarenta anos.

À boa maneira estalinista borrifou-se para as normas legais que regulam a trasladação de qualquer cadáver, as quais obrigam à concordância da família do falecido, fazendo aprovar um projecto-lei no Parlamento, à pressa e sem discussão pública, o qual permite uma exumação acelerada, por forma a que os descendentes de Franco não disponham do prazo legal, que lhes assiste por direito, para recorrerem à justiça.

É muito provável que se tenha socorrido do conselho do seu correligionário Maduro, que logo lhe encontrou uma saída cínica e imoral para obter os seus intentos.

A História que hoje se ensina através dos manuais escolares, escrita pelos capangas dos novos vendilhões do templo, é useira e vezeira em deturpar factos históricos, enobrecendo a actual geração de políticos, que está completamente rendida à ditadura do pensamento dominante, que rejeita e marginaliza quem discorda das suas ideias, e diabolizando todos quantos não se enquadrem na doutrina oficial vigente.

Franco não foi nenhum santo e, além de mais, instituiu um regime ditatorial. Trata-se de uma realidade que não pode ser escamoteada, mas daí a compará-lo aos horrores do nazismo vai uma grande distância, somente compreendida pela má-fé ou ignorância de quem a esse insulto recorre.

É certo que as falanges de Franco receberam ajuda dos alemães, mas, quando rebentou a 2º Guerra Mundial, à semelhança do caminho traçado por Salazar, aquele impôs uma política de neutralidade absoluta, não embarcando nas loucuras de Hitler.

Para se entender o franquismo temos que olhar para a Espanha do final dos anos 30 do século passado não com os olhos de hoje, mas sim tendo em conta a situação geo-política da altura, não só aquela a que os espanhóis daquele tempo estavam submetidos, mas também como se movia, então, o resto do mundo.

Franco herdou um país desfeito, fracturado e arruinado, saído de uma guerra civil que ceifara mais de um milhão de pessoas, de ambos os lados da contenda, obrigando-se a repor a ordem, a integridade territorial e o estado de direito com punho de ferro.

Conseguiu unir as várias nações espanholas sob a mesma bandeira e obedecendo a um só Estado, e revitalizou a economia, oferecendo aos seus compatriotas um nível de vida satisfatório, que há muito tinham perdido.

Soube também preparar, com antecedência, o futuro de Espanha, visão astuta e inteligente que permitiu uma reforma pacífica e consensual que conduziu à democratização das instituições políticas logo após o seu desaparecimento.

Durante esse percurso houve vítimas, sem dúvida. Mas não se assassinaram opositores nem se condenou à miséria populações inteiras, como é apanágio nas ditaduras socialistas, tão idolatradas por estes pseudo-democratas que se vêem a si próprios como os únicos detentores da verdade absoluta.

E a quase totalidade dos espanhóis que tombaram durante o franquismo foram chacinados por bombas e balas assassinas, saídas das mãos de terroristas ditos independentistas.

Acusa-se agora Franco de crimes de guerra, praticados durante o conflito que opôs nacionalistas a republicanos.

Mais uma vez, a História que hoje se apregoa é parcial e tendenciosa.

Numa guerra, seja ela qual for, os exageros são o pão nosso de cada dia de muitos dos intervenientes de todas as facções, porque essa ideia dos bons e dos maus não pega. Há gente boa e gente má em todos os lados das trincheiras!

A título de exemplo veja-se que ninguém questiona os crimes de guerra do nazismo, mas, porque a História é escrita pelos vencedores, ignora-se ostensivamente os praticados pelas forças aliadas.

Na verdade o que foi Hiroshima e Nagasaki, se não uma monstruosidade desnecessária, somente compreendida à luz da oportunidade de se experimentarem novas e mortíferas armas?

Em combate os nacionalistas cometeram atrocidades. Trata-se de uma acusação que não pode ser liminarmente excluída.

E os republicanos, o que fizeram?

É preciso não esquecer que as forças que combatiam as tropas comandadas por Franco eram constituídas por uma coligação de comunistas, anarquistas e maçons, armados e financiados pelos soviéticos e que tinham como elemento comum o ódio ao catolicismo.

Ainda antes de rebentar a guerra civil destruíram perto de meio milhar de igrejas e mataram quase mil clérigos.

A partir de 1936, quando os nacionalistas se viram forçados a recorrer às armas para pôr cobro aos constantes atropelos aos direitos humanos de todos quantos não se reviam nas teorias revolucionárias que os marxistas-leninistas apregoavam, estes endureceram os ataques contra a Igreja Católica, saqueando e queimando mais umas largas centenas de lugares de culto.

Até ao final da guerra civil, em 1939, fuzilaram e torturaram até à morte sete mil padres, freiras e seminaristas, pelo único crime de professarem a fé cristã.

Antes de serem derrotados impuseram um regime de terror nas regiões que controlavam, proibindo qualquer culto religioso, sob pena de condenação à pena capital, e assassinaram sem dó nem piedade milhares de opositores.

Ou seja, copiaram integralmente os métodos de conquista e preservação do poder aplicados pelos bolcheviques.

Aos espanhóis não restou outra alternativa que não a de escolherem entre os nacionalistas, que defendiam as crenças e costumes da civilização milenar que edificaram, e os republicanos, apostados em instituir a ditadura do proletariado.

Esta é a verdade que as esquerdas teimam em esconder, apontando baterias apenas num sentido e branqueando as atrocidades cometidas pela outra parte.

Por isso Sanchez, a quem falta legitimidade moral para enveredar por decisões que não foram sufragadas pela maioria do eleitorado, procura nos alegados crimes das tropas falangistas a justificação para ordenar a exumação de Franco, ao mesmo tempo que se prontifica a pagar indemnizações, saídas dos bolsos dos contribuintes, às supostas vítimas daqueles, como se estes próprios não tivessem também sujado as mãos de sangue.

Além de mais alimenta uma mentira, a de o Vale dos Caídos ser um tributo ao franquismo.

Nada mais falso, porque lá estão enterrados vencedores e vencidos.

Todos eram espanhóis, segundo as palavras então proferidas por Franco, que mandou construir aquele enorme cemitério não para se glorificar, mas sim para que a Espanha nunca esquecesse os horrores provocados por uma guerra e, dessa forma, jamais se deixasse envolver noutra.

O objectivo foi sarar as feridas e unir a sociedade espanhola, colocando uma pedra no passado.

Exactamente o contrário do que o agora chefe do governo pretende fazer. Com o seu gesto insensato apenas vai ressuscitar o fantasma de um conflito que se queria esquecido e abrir divisões entre os espanhóis.

Nisso os socialistas, venham de onde vierem, são mestres: a arte de dividir para reinar!

São estes políticos que assolam a Europa de hoje, fracos, inábeis e trapaceiros, que conduzem a um fosso cada vez maior entre governantes e governados, resultando num generalizado desinteresse das populações pelos assuntos da política.

Depois revoltam-se e deixam-se enlamear num gigantesco coro de histerismo sempre que um eleitorado mais esclarecido manda bugiar alguém dos seus!