Ronaldo: “Ela disse não e pediu para parar várias vezes”

“Ela continuava a dizer ‘não’, ‘não faças isso’, ‘não sou como as outras’. Depois pedi desculpa”

Ronaldo: “Ela disse não e pediu para parar várias vezes”

Uma troca de e-mails entre Cristiano Ronaldo e os seus advogados divulgada pelo Football Leaks e citada agora pela Der Spiegel mostra que o internacional português admitiu ter forçado uma jovem norte-americana a ter relações sexuais. “Não sou como os outros, pedi desculpa logo a seguir”, lê-se no e-mail.

A história de Kathryn Mayorga e Ronaldo deu que falar em abril de 2017, quando a plataforma Football Leaks libertou documentos que comprometiam o jogador português. Entre eles, um contrato no valor de 375 mil euros para pagar o silêncio de uma mulher americana que se dizia vítima de abuso sexual. A história foi publicada pela publicação alemã e o agente do craque português, Jorge Mendes, foi obrigado a emitir um comunicado em que garantia que o artigo não passava de “uma peça de jornalismo de ficção”, baseada em “documentos que não estão assinados e em que as partes não estão identificadas”.

Ora o acordo, de facto, não mencionava Ronaldo diretamente: o futebolista surgia com a alcunha “Topher” e Kathryn Mayorga era apelidada de “Susan K.”. Mas a revista teve acesso a outro documento, assinado pela mão do próprio Ronaldo, em que este confirmava ser a pessoa referida no acordo como “Topher”. No artigo não era, contudo, revelada a verdadeira identidade da vítima, ainda que Mayorga tenha sido procurada por jornalistas, tendo-se recusado a prestar declarações. 

O pagamento dos 375 mil euros terá ocorrido em 2010, meses depois da noite da violação, intermediado pela advogada de Mayorga, de quem partiu o primeiro contacto. Os encontros entre as duas partes começaram em 2009 e houve várias reuniões. A certa altura, a defesa do jogador envia uma lista com centenas de questões que teriam de ser respondidas por Ronaldo, o seu cunhado e um primo. No documento, Ronaldo aparece como ‘X’ e Mayorga como ‘Ms. C’, refere o ‘Der Spiegel’.

“Existem várias versões do questionário. As perguntas mantêm-se mais ou menos consistentes, mas as respostas não. Numa versão, de dezembro de 2009, Ronaldo fala em sexo com consentimentos e que não existiu qualquer sinal que indicasse que ela não concordava com o que se estava a passar nem que se sentisse mal a seguir [ao encontro]. Mas existe outra versão mais recente. É um documento que pode ter consequências graves para Ronaldo. Foi enviado por e-mail em setembro de 2009. O remetente era um advogado da firma de Osório de Castro e os destinatários eram o próprio Osório de Castro e um outro colega”, refere o jornal alemão.

A publicação explica que na resposta à questão sobre se ‘Ms.C’ elevou o tom de voz, gritou  u pediu ajuda, ‘X’ respondeu: “Ela disse não e pediu para parar várias vezes”.

“Penetrei-a por trás. Foi um comportamento grosseiro. Não mudámos de posição. Foram 5 ou 7 minutos. Ela disse que não queria, mas mostrou-se disponível”, lê-se na resposta que Ronaldo terá dado. “Ela continuava a dizer ‘não’, ‘não faças isso’, ‘não sou como as outras’. Depois pedi desculpa”, acrescenta o documento, divulgado pela plataforma Football Leaks e citado pela ‘Der Spiegel’.

O acordo seria fechado pelos 375 mil euros, em troca do silêncio da modelo. Por que razão Mayorga quis agora expor-se? Segundo a “Der Spiegel”, por três razões: a americana tem um novo advogado, “mais experiente”; o movimento #MeToo mudou a forma como a sociedade lida com as vítimas de abusos sexuais cometidos por famosos; e Mayorga quer uma resposta para uma dúvida que diz carregar há quase dez anos: haverá mais mulheres violadas pelo jogador português?