Portugal sai do ‘lixo’ da Moody’s

Avaliação aparece três dias antes do Governo apresentar as metas para macroeconómicas e orçamentais na proposta do Orçamento do Estado para 2019.

A agência de rating apresentou hoje uma subida da notação da dívida portuguesa. Portugal passa agora a ter um nível de investimento de qualidade.

Passado um ano do melhoramento do outlook da dívida portuguesa para ‘o primeiro grau de investimento especulativo’, Ba1/(P)Ba1, a Moody’s avalia agora as obrigações como Baa3/(P)Baa3.

Para a agência os riscos associados a obrigações estão equilibrados e o outlook passou de estável para positivo.

Uma das razões da alteração foi o cenário sustentável da dívida pública, embora gradual, com limitados risco ou reversão. 

Outra das razões prende-se com o crescimento abrangente da economia face à turbulência sentida no mercado externo, mas especificamente face à instabilidade do Estado italiano que levou, inclusivamente, as yield das obrigações portuguesas a 10 anos a ultrapassar os 2% pela primeira vez em quatro anos.

A dívida pública atingiu os 124,8% do PIB em 2017 e a Moody's estima que venha a descer para os 116% até 2021. 

A descida da dívida pública apresenta-se forte face a eventuais choques negativos e capaz de resistir a uma modesta subida das taxas de juro. 

Isto significa uma confiança nas tendências de crescimento e execução orçamental e uma trajetória sustentada da dívida. A Moody’s elogiou também a forma como o governo lidou com o caso do Novo Banco.

Já no que toca à resiliência da economia a Moodys aponta para um crescimento da atividade económica, muito pela melhoria das contas externas, ao crescimento do turismo, à recuperação do mercado de trabalho e à confiança das empresas.

Das Big-3, esta foi a última agência a melhorar a notação do risco da dívida, algo que já havia acontecido com a Standard&Poor’s e Fitch.

No entanto, a Moody's deixa o aviso: o estado continuará com endividamento muito elevado relativamente a outros países e afirma que é improvável que o rácio da dívida desça mais do que o estima pela Moodys dada a pressão para aumentar os salários do setor público, e para recuperar os cortes significativos nos gastos para salvaguardar os serviços públicos. 

Este resultado aparece três dias antes do Governo apresentar as metas para macroeconómicas e orçamentais na proposta do Orçamento do Estado para 2019.