Espanha. Governo quer que os crimes de abuso sexual nunca prescrevam

Carmen Calvo foi ao Vaticano transmitir a posição do executivo sobre os crimes de abusos sexuais

A vice-presidente do Governo espanhol, Carmen Calvo, e o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, estiveram juntos esta segunda-feira na cidade do Vaticano, para esclarecer os escândalos dos abusos sexuais em Espanha. Carmen Calvo aproveitou a conversa para explicar a posição do executivo espanhol, anunciando  que tem intenção de mudar o Código Penal para que  o crime de abuso sexual não prescreva. “O governo, em pleno escândalo por causa dos abusos sexuais na Igreja espanhola, informou o Vaticano das mudanças no Código Penal para conseguir que estes delitos nunca prescrevam”, disse em comunicado o executivo de Pedro Sánchez. 

O mudança pode demorar algum tempo a ser posta em prática, apesar de já existirem associações de apoio às vítimas a pedirem ao governo celeridade no processo. Em Espanha, o prazo de prescrição dos crimes de abuso sexual começa a contar a partir do momento em que a vítima completa 18 anos. Dependendo da gravidade dos casos, a caducidade varia entre os cinco e os 15 anos, ou seja, no máximo o crime prescreve quando a vítima completar 33 anos. Segundo estudos da associação Save The Children, a maioria das vítimas só decide quebrar o silêncio aos 35 anos e, nessa altura, o crime já prescreveu.

Francisco Franco

Na mesma reunião, Carmen Calvo tentou convencer Pietro Parolin da necessidade se fazer algo para impedir que o corpo do ditador Francisco Franco, retirado do monumento do Vale dos Caídos por iniciativa do governo socialista, seja transladado para a catedral de La Almudena, em Madrid, onde a família tem um jazigo. Segundo o decreto aprovado pelo executivo e a maioria parlamentar que o apoiar no ano passado, no Vale dos Caídos só devem estar enterrados aqueles que morreram durante a Guerra Civil. “Em relação ao enterro”, Calvo e Parolin só concordaram “com a necessidade de encontrar uma solução e continuar a manter o diálogo”, diz o comunicado do governo espanhol.