Alemanha. CDU vai rever política para a imigração

A recém eleita líder e sucessora de Angela Merkel, Annegret Kramp-Karrenbauer, anunciou a criação de um grupo de trabalho cujas conclusões serão a base para o programa eleitoral do partido nas próximas europeias

A sucessora de Angela Merkel à frente da CDU, Annegret Kramp-Karrenbauer (AKK), pretende rever a política que o partido manteve sob a sua antecessora sobre a imigração. "Quero reunir um grupo de trabalho sobre imigração e segurança com especialistas e críticos das políticas de imigração e refugiados para trabalhar em melhoramentos concretos", disse a recém-eleita líder ao semanário alemão "Bil am Sonntag". 

AKK ganhou a liderança do partido por pouco mais de 50% dos votos dos mais de mil delegados democratas-cristãos a Friedrich Merz, denominado "anti-Merkel" e defensor da viragem do partido à direita para suster o avanço do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha.

A eleição de AKK mostrou que a CDU se mantém profundamente dividida não apenas sobre a liderança, mas principalmente sobre qual o rumo que o partido deve seguir até às próximas eleições legislativas federais, em 2021. Isto é, se entretanto a coligação CDU/CSU-SPD não colapsar e eleições antecipadas serem convocadas. 

A imigração é precisamente um dos temas mais fraturantes entre os democratas-cristãos e AKK afirmou, no seu discurso de vitória, que o partido deve-se unir para combater os populistas. Agora, com este anúncio, a recém-líder mostra na prática que está disponível para trabalhar com os críticos da sua antecessora na alteração da política de imigração, relacionando o tema com segurança. 

As conclusões do grupo de trabalho deverão ser incluídas no programa da CDU para as próximas eleições europeias, em maio de 2019. "O nosso programa para as eleições europeias será construído sobre esses resultados", afirmou AKK. Todavia, o partido não enfrentará apenas as europeias, mas também regionais nos Estados no leste da Alemanha, a principal porta de entrada dos refugiados no país e onde o sentimento anti-refugiados tende a ser bastante maior em comparação com o resto do país. 

Neste sentido, essas eleições serão o primeiro grande teste da nova liderança, nomeadamente se conseguirá travar a ascensão do AfD, que tem roubado votos à CDU, mas também ao SPD e até ao Die Linke.