“Só pela enorme qualidade técnica das pessoas que estão nos hospitais é que não tem havido mais desastres e mais erros”. O alerta é de José Fragata, diretor do serviço de cirurgia cardiotorácica do hospital de Santa Marta e vice-reitor da Universidade NOVA de Lisboa. Numa grande entrevista ao SOL, o cirurgião cardíaco mostra-se preocupado com o desinvestimento “gritante” no Serviço Nacional de Saúde e revela já ter pedido uma audiência à ministra da Saúde Marta Temido. Fragata lamenta a falta de apoio no programa de transplantação pulmonar de Santa Marta e alerta para “falhas gravíssimas” no seu serviço em matéria de equipamento, material de consumo corrente e de pessoal. “As 35 horas tiveram um impacto no horário dos enfermeiros que fez com que fechássemos 14 camas. Isto não são estados de alma políticos, são realidades do terreno.”
Para José Fragata, o pior inimigo do SNS é o “rótulo político” e o recurso ao privado é hoje uma necessidade para garantir a resposta à população de forma atempada e de qualidade. “O SNS não está bem. Não está melhor, está pior. Podem dizer o que quiserem. Houve um desinvestimento total nos últimos cinco a sete anos. O Governo não estendeu à Saúde aquilo que estendeu à banca. Mas de quem é a culpa disso? Os privados não são acionistas do Estado”, diz o cirurgião. “Não é por dizer que gosto do setor público ou fazer discursos anti-direita ou anti-esquerda que se resolve. Resolve-se com mais investimento, com melhor gestão e uma reforma capaz.”
Leia a entrevista na edição deste fim de semana do semanário SOL.