Marcelo apela ao voto em 2019 e quer “política e políticos mais confiáveis”

Marcelo faz terceira mensagem de Ano Novo pedindo a participação dos portugueses nos vários atos eleitorais que se realizam este ano e adverte contra promessas impossíveis. 

Marcelo Rebelo de Sousa optou por dedicar a sua mensagem de Ano Novo às eleições que se vão realizar em 2019, quer nacionais, quer europeias. Depois de ter avisado, em 2017, que havia “muito por fazer” e de ter recomendado prudência, no ano seguinte, apesar dos sucessos económicos, desta vez, o Presidente da República quis dar especial atenção aos atos eleitorais deste ano, pedindo aos portugueses uma tarefa “simples, mas exigente”. 

“Votem. Não se demitam de um direito que é vosso, dando mais poder a outros do que aquele que devem ter. Pensem em vós, mas também nos vossos filhos e netos, olhem para amanhã e depois de amanhã e não só para hoje”, revelou na sua mensagem. Mas também deixou um alerta: “Debatam tudo, com liberdade, mas não criem feridas desnecessárias e complicadas de sarar”.

Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou ainda para chamar a atenção para o período de greves que se aproxima, repetindo o cenário que já foi vivido em 2018. Aliás, desde 2014 que o número de pré-avisos registados não era tão alto como nos últimos meses. Melhores condições de trabalho, progressão nas carreiras, reconhecimento de tempo perdido e salários mais altos foram são algumas das reivindicações dos vários setores profissionais. 

“Chamem a atenção dos que querem ver eleitos para os vossos direitos e as vossas escolhas políticas, pela opinião, pela manifestação, pela greve, mas respeitem sempre os outros, os que de vós discordam e os que podem sofrer as consequências dos vossos meios de luta”.

Também para os candidatos às eleições, o Presidente da República deixou uma palavra: “Se quiserem ser candidatos analisem, com cuidado, o vosso percurso passado e assumam o compromisso de não desiludir os vossos eleitores”.
Defender a democracia é a palavra de ordem do chefe de Estado, uma vez que, no seu entender, é “custoso” implementá-la, mas é de “fácil” destruição com “arrogâncias intoleráveis, promessas impossíveis, apelos sem realismo, radicalismos temerários, riscos indesejáveis”. 

Evitar nova crise

Numa altura em que surgem cada vez mais alertas para o risco eminente de uma nova crise financeira com contornos semelhantes à que foi vivida em 2008, após o colapso do gigante Lehman Brothers, Marcelo não quis ficar alheio a estes receios ao lembrar que Portugal deve “ter a ambição de assegurar que a nossa economia se prepare para enfrentar qualquer crise que nos chegue”. 

E o desafio não fica por aqui. O presidente da República chega mesmo a apelar para a necessidade da economia nacional se aproximar cada vez mais das economias europeias, mantendo o trajeto em curso, ou seja, “prosseguindo um caminho de convergência agora retomado”. Ainda assim, o chefe de Estado admite que a Europa vai ficar mais pobre com a saída do Reino Unido. 

“Nós sabemos que estes tempos continuam difíceis. Num mundo em que falta em direito, paz, diálogo, justiça, certeza o que sobra em razão da força, conflito, desigualdades, incerteza. Num Portugal, que saiu da crise, reganhou esperança, mas que precisa de olhar para mais longe e mais fundo”, diz na sua mensagem de Ano Novo.

Ano novo, desafios repetem-se

Justiça social, combate à pobreza, correção das desigualdades são outras das preocupações de Marcelo Rebelo de Sousa, apelando à “dignidade da pessoa, de todas as pessoas, a começar nas mais frágeis, excluídas, ignoradas”. 
Valores que, no entender do Presidente da República, terão inevitavelmente impacto e reflexo consoante as decisões eleitorais. “As vossas escolhas irão decidir o nosso destino durante quatro anos, nas eleições para a Assembleia da República e para a Assembleia Legislativa Regional da Madeira e muito da nossa presença na Europa, durante cinco anos, nas eleições para o Parlamento Europeu”, refere.

E, por isso, defende que o país deva ter como meta a capacidade de “ultrapassar a condenação de um de cada cinco portugueses à pobreza e a fatalidade de termos Portugais a ritmos diferentes, com horizontes muito desiguais”, assim como ter a ambição de “dar mais credibilidade, transparência, verdade às instituições políticas. Para que a confiança tenha razões acrescidas para se afirmar”. 

Só assim é possível, segundo o Presidente da República, existir um verdadeiro “ponto de encontro entre povos, economia mais forte, sociedade mais justa, política e políticos mais confiáveis”. 

Marcelo mostra-se otimista e acredita que todos os pedidos que fez na sua mensagem de Ano Novo não são excessivos. E lembrou: “Quem venceu crises e delas saiu, com coragem e visão, é, certamente, capaz de converter esse esforço de uma década num caminho mobilizador e consistente de futuro”. 

E como contrapartida deixa uma promessa: “Podem contar com o vosso Presidente da República para procurar que nenhum dos vossos contributos seja desperdiçado, nenhuma das vossas vozes seja ignorada, nenhum dos vossos gestos seja perdido. Porque Portugal precisa de todos nós”, concluiu.