A intriga continua no PSD

Após ter lido o artigo de opinião publicado num jornal nacional da deputada do PSD Teresa Morais, como militante e fazendo parte de um órgão nacional do partido, não posso ficar indiferente ao título e conteúdo

Quando interroga: «Que PSD teremos em 2019», com certeza que será melhor do que aquele que a senhora deputada e todos aqueles que pertenciam à anterior direção deixaram ao atual presidente Rui Rio. Talvez esteja esquecida, mas eu vou-lhe recordar. Em 2017, nas eleições autárquicas, o PSD em Lisboa obteve 11,22% dos votos, no Porto 10,39% e a nível nacional teve o pior resultado de sempre. Como pode observar, não é o mesmo partido que ganhou as eleições em 2015, mas sim um partido descredibilizado que o atual presidente herdou da sua direção.

A senhora deputada refere que o líder «se rodeou mal», mas isso sempre aconteceu com todas as direções. Infelizmente nem sempre se acerta nas escolhas.

Diz que o líder «desvalorizou por completo o grupo parlamentar»; mas que apoio, recetividade e lealdade o grupo parlamentar mostrou perante o líder? Menciona que alguns «estão quietos no seu canto e calados, que nunca foram frontais e genuínos e sempre fizeram jogo duplo», «com um pé de cada lado lá vão sobrevivendo». Concordo e acrescento: o percurso dessas pessoas é andarem como lapas atrás de todos os líderes para garantirem a sua continuidade.

Alude ainda que o «presidente, perante a insatisfação de alguns, convidou-os a sair». Correto, pois ninguém deve estar onde não se sente bem. Mormente quando se discorda do líder do ponto de vista estrutural e apenas está norteado para o tentar destruir.

Aponta que «se sente nas pessoas desânimo, desmotivação e receio pelo futuro do partido», mas estes sentimentos já vêm do tempo da liderança da qual a senhora deputada fazia parte. Os cacos já existem desde essa altura, e difícil é colá-los quando a senhora deputada em vez de apelar à união ataca descaradamente a liderança de Rui Rio.

Afirma que «conta muito o que sentimos nas pessoas, nos militantes, que, esses sim são o PSD». Provavelmente, a senhora deputada conhece o Dr. Paulo de Cascais, o eng. Pedro de Oeiras, a arquiteta Mariana das Avenidas Novas de Lisboa ou o prof. doutor Franquelim do Parque das Nações. Mas é capaz de não conhecer o António de Vila Real, o Manuel de Bragança, a Isaura de Viseu, a Maria da Guarda, o Quitério de Castelo Branco, o Inácio de Portalegre, a Miquelina de Évora, a Alice de Beja, o Asdrúbal de Faro, a Alzira de Leiria, a Josefina de Setúbal, o Abreu de Santarém, o Romeu de Coimbra, o Artur de Aveiro, a Rosa do Porto, a Ludovina de Braga, o Fabiano de Viana do Castelo.

Todos são militantes; mas estes que não conhece, porque não conseguem penetrar nos grupos das elites a que a senhora deputada pertence, não escrevem artigos de opinião nem são escolhidos para os órgãos nacionais. São «o eleitorado tradicional do PSD» como a senhora lhe chama. Estes não se afastam, lutam pelo PSD, não criam guerras internas, trabalham e apresentam ideias para serem implementadas.

Senhora deputada Teresa Morais seja sincera: a sua preocupação e a de outros que a acompanham na crítica não é o mau resultado eleitoral, mas sim que o líder Rui Rio venha a ter sucesso em 2019.

De facto, Rui Rio «ganhou eleições autárquicas no Porto» e sempre reforçou a votação. Mas não só, também ganhou as eleições em 13 de janeiro de 2018 para presidente do nosso partido, derrotando o candidato que a senhora deputada apoiou.

Rui Rio está a fazer a sua liderança com inteligência e firmeza. Tem os seus timings definidos e um estilo próprio. Ser oposição nunca foi fácil, mas mais difícil se torna quando a maior oposição sai de dentro do nosso partido.

Senhora deputada: tal como eu, ajude o partido a ser uma alternativa ao atual Governo. Todos somos responsáveis no sucesso ou insucesso dos resultados.

Ester Amorim, Professora Universitária de Gestão e Economia