André Ventura diz que o Chega “não é um partido de extrema-direita”

André Ventura entregou ontem mais de 7500 assinaturas no Tribunal Constitucional com o objetivo de formalizar o Chega.

André Ventura anunciou há três meses que iria criar um novo partido, depois de entrar em rutura com o PSD, e entregou ontem, ao final da manhã, no Tribunal Constitucional mais de 7500 assinaturas para formalizar o Chega.

A expectativa do ex-vereador na câmara de Loures é que o Constitucional dê luz verde à nova força política a tempo de realizar a primeira convenção no final de fevereiro ou início de março. A intenção é concorrer já as eleições europeias, que se realizam no dia 26 de maio, mas a grande aposta é nas legislativas de 6 de outubro. “Queremos fazer a diferença ao apresentar um conjunto de ideias  fraturantes”, diz ao i André Ventura, garantindo que o Chega é um partido de centro-direita. “Não é um partido de extrema-direita. Se eu tivesse de o classificar ideologicamente diria que é um centro-direita diferenciado. Um centro-direita que não tem medo de ser centro-direita. Não tem medo de dizer que a Justiça está pelas ruas da amargura ou que uma boa parte dos nossos representantes políticos têm comportamentos vergonhosos”, acrescenta o ex-autarca do PSD.

Ventura prefere não definir ainda objetivos concretos, mas admite que seria “um fracasso” se o novo partido não conseguisse eleger, pelo menos, “mais de dois deputados” nas eleições legislativas. “Fará muito diferença estarmos no parlamento. Não faço politica para aparecer na televisão. Faço política para promover mudanças”.

 

Prisão perpétua

O “regresso da prisão perpétua para homicidas e violadores” e a “castração química para pedófilos” são algumas das propostas do Chega. O Manifesto Político Fundador defende que a justiça “é, provavelmente, a área onde uma maior intervenção política será, neste momento, exigível”. André Ventura define como prioridade introduzir em Portugal a pena de prisão perpétua para crimes “bárbaros e horrendos” e “a redefinição das penas criminais, nomeadamente em crimes de homicídio, terrorismo, corrupção, violação e abuso sexual de menores”.

O manifesto define ainda como prioridade a reforma do sistema político. André Ventura quer uma redução drástica do número de deputados dos atuais 230 para apenas 100. O que exigia uma revisão da Constituição da República. “Não compreendo como é que nós temos 230 deputados e o hemiciclo está permanentemente vazio. Alguns deles fazem zero intervenções durante o ano inteiro”, diz. 

Outra das intenções do ex-militante social-democrata é apresentar uma reforma do sistema fiscal. “Atualmente, temos em Portugal um sistema tributário confiscatório, brutal e agressivo, que esbulha desproporcionalmente quem trabalha e gera riqueza. A ideia de solidariedade fiscal não pode jamais tornar-se no pretexto político e jurídico para asfixiar a classe média e aqueles que mais riqueza produzem, com impostos sucessivos e progressivos”, lê-se no manifesto do Chega.

André Ventura é comentador desportivo na CMTV e tornou-se mais conhecido quando liderou a lista do PSD à câmara de Loures, nas últimas eleições autárquicas, em 2017. O candidato gerou polémica devido às declarações que fez contra a comunidade cigana.

Foi eleito vereador, mas deixou o cargo, em outubro de 2018, quando entrou em rutura em com o partido. Depois de ter tentado promover um congresso extraordinário para afastar Rui Rio da liderança, Ventura saiu do PSD e garantiu que foi “traído” e  “apunhalado pelas costas”. Não demorou muito tempo a anunciar a intenção de criar um novo partido. Falta agora o Tribunal Constitucional dar luz verde ao Chega.