Governo pressionado a revelar casos graves

Ordem dos Médicos e administradores hospitalares querem que a tutela divulgue ao dia o impacto da greve cirúrgica.

Está em curso uma segunda greve aos blocos cirúrgicos, desta vez em sete centros hospitalares. Perante o novo protesto, que já levou a tutela a admitir recorrer à requisição civil e pedir um parecer sobre a licitude do crowdfunding à Procuradoria Geral da República, há um pedido renovado da parte da Ordem dos Médicos e da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APHA). Ao contrário do que aconteceu na primeira greve, que cancelou perto de 8000 operações, médicos e administradores defendem que o Governo deve divulgar os casos graves que ficam por operar, garantindo que essas situações existem e com consequências a prazo para os doentes – o que sindicatos e Ordem dos Enfermeiros negam, invocando o cumprimento de serviços mínimos, que garantem cirurgias a doentes prioritários.

«Isso não é verdade e os enfermeiros sabem. Temos doentes com situações traumáticas que não foram operados. Para esclarecer tudo isto é que os casos deviam ser divulgados diariamente», disse ao jornal i Alexandre Lourenço, presidente da APHA, que considera que a divulgação dos casos serviria  para «pressionar o sistema a encontrar respostas». Já o bastonário dos Médicos, Miguel Guimarães, revelou ter inquirido os hospitais afetados pela primeira greve sobre operações prioritárias adiadas. Responderam dois dos cinco hospitais abrangidos, dando conta de 500 casos destes.

O SOL tentou perceber junto da tutela o que pretende fazer, mas não obteve resposta. Depois de a ministra da Saúde ter admitido que esta greve pode suscitar questões de «abuso de direito» que cabe aos juristas analisar, António Costa foi taxativo: classificou as greves cirúrgicas de ilegais e selvagens, garantindo que o Governo fará tudo para a travar este tipo de paralisações.