Pais portugueses são os mais generosos

As compras de Natal estão a ser adiadas e há menos dinheiro, mas as crianças são a prioridade.

os pais portugueses estão entre os mais generosos da europa. segundo um estudo da cadeia de lojas de brinquedos imaginarium, 20,7% vai gastar neste natal mais de 150 euros em presentes para os mais pequenos – uma percentagem superior à verificada em espanha, onde só 16,1% tenciona gastar tanto, e na alemanha, onde o número dos que gastarão este valor não vai além dos 14,1%.

apesar disso, a crise é bem visível nas vendas natalícias. segundo um inquérito da cetelem, em média cada português não conta gastar mais do que 126 euros em prendas – menos 35% do que gastou no ano passado. enquanto em 2011 o orçamento para cada presente rondava os 32 euros, este ano fica-se pelos 25. o inquérito mostra ainda que 22% pretende gastar no máximo 75 euros no natal, enquanto só 5% vai despender mais de 250 euros.

as grandes marcas de distribuição não escondem que a crise já está a mudar os hábitos de consumo. fonte oficial do continente explica que os brinquedos de marca própria «registam uma procura crescente», constituindo já 10% de todos os produtos infantis vendidos nesta cadeia de hipermercados. «temos verificado não só uma maior procura dos brinquedos mais baratos, como um aumento da procura de promoções, cupões ou descontos», admite a cadeia da sonae.

«não podemos negar que a crise tem tido impacto», diz nuno nascimento rodrigues, director de marketing da worten. a estratégia passa por uma aposta na marca própria e em preços baixos para atrair os clientes. os televisores até 42 polegadas são nesta cadeia os produtos estrela do natal, mas tablets, smartphones e portáteis registam uma «procura crescente».

«o processo de compra do nosso cliente é mais reflectido», nota o gabinete de comunicação do ikea, onde as velas, os peluches, os brinquedos de madeira e a decoração natalícia estão entre os produtos mais vendidos.

no el corte inglés, brinquedos, cabazes de natal, vinhos e cosméticos são os produtos mais procurados. mas a cadeia espanhola nota que as compras dos portugueses estão diferentes. «os presentes são comprados menos por impulso», afirma fonte oficial, explicando que se procura o que é mais útil e se dão «presentes mais simbólicos». neste cenário, o el corte inglés considera que já será «muito positivo» manter o volume de vendas do ano passado. o sentimento é igual na fnac: «gostaríamos de superar os resultados de 2011, mas até agora os números estão em linha com os do ano passado».

«existe uma inegável diminuição do consumo», analisa maria espírito santo, directora da imaginarium em portugal. «as pessoas estão a atrasar um pouco mais as compras», comenta paulo sousa marques, responsável da toys ’ r’ us portugal, sublinhando que os pais «tentam sempre não desiludir as crianças nesta época». de acordo com o estudo xmas survey da consultora deloitte, em média cada consumidor tenciona comprar quatro presentes para criança.

segundo as lojas de brinquedos, as cartas ao pai natal, este ano, estão cheias de pedidos de peões beyblades, no caso dos rapazes, e de bonecas monster high, para as raparigas. muito desejados são também os tablets e, por isso, a imaginarium lançou uma versão infantil, o superpaquito.

dinheiro e livros
talvez sem surpresas, o dinheiro é, segundo a deloitte, o que os portugueses mais querem ter no sapatinho. na lista de desejos, seguem-se os livros, o vestuário e o calçado e as viagens.

a expectativa de quem recebe está em linha com a vontade de quem dá quando se fala em livros, já que 48% dos inquiridos vai oferecê-los e 58% gostava de os receber. paulo gonçalves, da porto editora diz que o livro continua a ser «apetecível como prenda», sobretudo para os mais novos, por serem «bastante acessíveis».

o livro de cozinha de jamie oliver e o mais recente romance de josé rodrigues dos santos lideram as vendas. no segmento infantil, os ciganos de sophia de mello breyner e pedro sousa tavares está no top de vendas.

margarida.davim@sol.pt