“Aceitei o convite porque o país precisa de uma voz ativa contra a hipocrisia”

Pardal Henriques ponderou “bastante” antes de tomar a decisão e não se vai conformar com “a agressão” aos direitos dos trabalhadores.

Pardal Henriques vai ser o cabeça-de-lista do PDR pelo círculo de Lisboa nas eleições legislativas. Marinho e Pinto, líder do partido e que vai encabeçar a lista no Porto, não tem dúvidas de que o porta-voz do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) é “um excelente candidato e, se for eleito, será um bom deputado”.

Ao i, Marinho e Pinto disse estar orgulhoso desta solução, mas recusou traçar objetivos para as próximas eleições legislativas. O ex-bastonário da Ordem dos Advogados encara esta campanha como “um combate” difícil, mas garante que não perdeu o ânimo. “Isto está muito semelhante ao que era antes do 25 de Abril. Hoje não somos presos nem espancados pela polícia mas, muitas vezes somos silenciados e caluniados”, afirma o fundador do PDR.

Umas horas depois de Marinho e Pinto anunciar o cabeça–de-lista por Lisboa, Pardal Henriques confirmou, em comunicado, que aceitou o convite para integrar a lista do PDR. “Tomei esta decisão depois de ponderar bastante e de conferenciar com a minha família, e fi-lo consciente de que pretendo ser uma voz ativa por todas as causas que tenho vindo a defender e que considero que hoje não estão representadas no Parlamento português”, esclareceu.

Pardal Henriques quer ser “uma voz contra a hipocrisia e a corrupção no Parlamento português” e promete, se for eleito, não se conformar com “a agressão aos direitos fundamentais dos trabalhadores, dos pensionistas e daqueles que sofrem diariamente pelos ataques disferidos pelos poderes coligados no nosso Estado de direito”.

O agora candidato anunciou ainda que vai deixar de ser porta-voz do SNMMP, mas continuará “a representar juridicamente este sindicato, assim como o Sindicato dos Seguranças e Vigilantes de Portugal” e “o Sindicato Independente dos Trabalhadores da Rodoviária de Lisboa”.

Pardal Henriques responde às críticas de que tem sido alvo e garante que não se aproveitou dos motoristas para entrar na vida política. “Nunca foi meu objetivo iniciar uma carreira política, tal como dizem as más-línguas. Aceitei o convite porque o país precisa de uma voz ativa contra a hipocrisia, contra a corrupção, contra a violação dos direitos fundamentais dos trabalhadores, dos pensionistas e das classes mais desfavorecidas”, afirmou, em declarações ao i, o advogado.

Um partido turbulento

O PDR estreou-se nas últimas eleições legislativas, em 2015, mas o resultado ficou aquém das expectativas. O PDR conseguiu 1,14%, o que corresponde a quase 62 mil votos. Nas últimas eleições europeias, Marinho e Pinto teve ainda menos votos: 15 mil, com 0,48%.

 

Propósitos egoístas

Os maus resultados surgiram depois de um período conturbado no PDR,_com a saída de muitos dirigentes e militantes. Numa carta enviada aos militantes no início deste ano, Marinho e Pinto assumiu que “o partido viveu momentos conturbados não só a nível interno, mas também externamente”, porque “muitas pessoas que aderiram ao PDR fizeram-no apenas com propósitos egoístas”. Pelo meio, o vice-presidente do partido, Pedro Grancho Bourbon, apareceu, em 2016, envolvido no rapto e homicídio do empresário bracarense João Paulo Fernandes.

O_PDR foi fundado no dia 5 de outubro de 2014, mas Marinho e Pinto entrou na política uns meses antes. O advogado de Coimbra foi a surpresa das eleições europeias, há cinco anos, quando se candidatou pelo MPT e conseguiu eleger dois eurodeputados com 7,14%, o que corresponde a mais de 234 mil votos.

 

Com Rita Pereira Carvalho