Líder do PSD acredita que há quem lhe queira “fazer a cama” dentro do partido

“Obviamente que 20% era muito mau” assegura o presidente do PSD, deixando em aberto o seu futuro e até o lugar de deputado.

O presidente do PSD, Rui Rio, tem falado muito pouco, ou nada, sobre a vida interna dos sociais-democratas desde que se iniciaram os debates televisivos de pré-campanha. Contudo, ontem, em entrevista à Antena 1 acabou por confessar que seria “hipócrita” dizer que tem todos os sociais-democratas consigo e que não há ninguém a tentar-lhe “fazer a cama”.

“O partido comigo eu tenho, os militantes e o grosso das estruturas eu tenho. Agora, se me perguntar se tenho todos, todos, muito unidos, e ninguém me está a tentar fazer a cama? Eu era hipócrita se dissesse que não é verdade” declarou Rio à Antena 1. O responsável acrescenta ainda que a “oposição interna não está assim tão calada como isso”.

Numa entrevista com cerca de quarenta minutos, o presidente social-democrata não fugiu à questão das sondagens, que têm dado a vitória ao PS nas eleições de 6 de outubro. Para o efeito, Rio lembrou que há sondagens “umas mais encomendadas que outras”, mas “obviamente que 20 por cento era muito mau, como é lógico”.

Rio deixou ainda em aberto a sua permanência como líder do PSD, apesar de estar concentrado numa vitória eleitoral do partido. “Se o PSD tivesse um resultado baixíssimo, o que é que uma pessoa fica lá a fazer? Em cada resultado eleitoral, seja qual for, joga-se sempre o futuro de cada líder partidário, em qualquer parte do mundo”, afirmou o presidente dos sociais-democratas,

Depois de ter assumido, numa entrevista à agencia Lusa que o lugar de deputado não o entusiasmava particularmente, o líder do PSD não esclareceu se cumprirá o seu mandato de deputado , caso venha a ter uma derrota eleitoral. “Vou tomar posse como deputado, o cumprimento do mandato de deputado, isso depois eu vejo porque se tivesse feito essa pergunta ao Tozé Seguro [António José Seguro, antigo líder do PS] ele também não lhe saberia responder como é evidente”, argumentou.

Geringonça nem pensar Na análise de cenários sobre a composição do Parlamento, após as eleições legislativas ficou claro também que o PSD não formará qualquer acordo de geringonça como o que existe atualmente à esquerda. Se for possível e necessário, o “compromisso preferencial é com o CDS” e sê-lo-á em coligação como no passado recente. “Uma geringonça comigo, não há. (…) Significa que é um arranjo sem sentido estratégico” afirmou Rio, insistindo, mais à frente na mesma ideia:”Uma geringonça não faço. Pressupõe um arranjo de qualquer maneira”. Compromissos com o PS só em temas estruturais para fazer reformas e baseados em consensos o mais alargados possíveis, que não se confinem, apenas, aos dois maiores partidos.

Na entrevista, Rio ainda abordou dois temas que têm levantado polémica no seu programa eleitora.. No caso do aeroporto do Montijo, o presidente social-democrata insistiu que seria “avisado” reapreciar” a opção pelo aeroporto em Alcochete, casos os problemas ambientais se tornassem “ inultrapassáveis”. O tema tem dividido o PSD. Esclarecida ficou também a polémica do TGV. Rio defendeu que o PSD não recuperou a proposta (enterrada no governo de Passos Coelho), mas tão só “uma linha uniforme de alta velocidade que reduzisse a distância” Lisboa e Porto. Ou seja, melhorar o que já está instalado.

A campanha eleitoral arranca oficialmente no dia 22, mas a estrutura nacional do PSD só deve estar a todo o vapor na estrada no dia 24, depois de o líder terminar a participação em debates televisivos. Entretanto, o comissário europeu cessante, Carlos Moedas tem já definidas iniciativas campanha tanto nos distritos de Lisboa como de Santarém. Falta acertar as datas.

Já Hugo Soares, ex-líder parlamentar e um dos nomes vetados por Rio nas listas, estará em Pombal, este sábado, numa visita à Bioartes com a equipa de candidatos de Leiria.