Quanto vão gastar os participantes da Web Summit em quatro dias?

A estimativa, calculada com base em 70 mil participantes, é da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP). Lisboa tem os alojamentos praticamente lotados e a PSP já está preparada para o evento.

Eventos de grande envergadura são motivo mais do que suficientes para deixar o setor do turismo a sorrir: mais de 64 milhões de euros é quanto podem gastar os participantes da Web Summit em Lisboa durante os quatro dias do evento que hoje começa. Pelo menos são essas as contas da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP). Numa estimativa calculada com base em 70 mil participantes, a AHRESP prevê que sejam gastos 64,4 milhões de euros nestes quatro dias, dividindo as contas da seguinte forma: 125 euros por dia em alojamento, 50 euros por dia em restauração, 20 euros por dia em deslocações e 35 euros por dia noutras despesas. Em média, cada pessoa gastará 230 euros por dia, o que perfaz um total de 920 euros em quatro dias.

Feitas estas contas, a AHRESP prevê um evento “extremamente positivo para as atividades económicas do turismo”, tal como já tinha acontecido nas duas edições anteriores. “O evento é especialmente impactante para o Canal HoReCa [conceito que engloba hotéis, restaurantes e cafés], pois a necessidade de alojamento, alimentação, animação, entre outras, é uma realidade constante. O ano 2019 será ainda mais positivo, prevendo-se mais visitantes e impactos diretos e indiretos muito significativos na economia”, avança a AHRESP.

Nesse sentido, a associação prevê que o número de hóspedes em novembro poderá aumentar 9,8%, as dormidas deverão apresentar um crescimento homólogo de 9,1% onde o mercado externo poderá contribuir com um aumento de 10,1%, a ocupação-cama pode crescer 1,6 pontos percentuais para os 51,7% e o RevPar [Revenue per Available Room, receita por quarto disponível] deve fixar-se nos 66 euros, um crescimento de 10,5%.

É sabido que grande parte dos participantes na Web Summit vêm do estrangeiro, motivo pelo qual, nesta altura, o alojamento em Portugal, principalmente na zona de Lisboa, fica mais escasso.

A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) avançou ao i que “do inquérito realizado, e ainda em curso, às unidades hoteleiras associadas da AHP, da cidade e da Área Metropolitana de Lisboa, sobre a Web Summit 2019, mais de 80% dizem que a taxa de ocupação será igual ou superior à verificada no evento de 2018. Para cerca de 70% dos inquiridos, a taxa de ocupação está entre os 91% e os 100%”. Contudo, os dados finais deste inquérito só serão divulgados durante o evento.

A AHP garante ainda que os principais mercados que contribuem para estes valores são Reino Unido, Espanha, EUA e Alemanha.

Já os dados preliminares do Airbnb para os quatro dias do evento revelam que os anfitriões de Lisboa vão receber mais de 38 mil hóspedes, provenientes de 116 países e 4108 cidades diferentes. E é exatamente por causa da Web Summit que os lisboetas vão ganhar, coletivamente, 3,6 milhões de euros pela partilha das suas casas.

 

Preços do alojamento local dispararam

As receitas com o alojamento local em Lisboa durante estes quatro dias podem disparar para os 10,1 milhões de euros, um valor que é superior em 3,6 milhões de euros em relação ao esperado para uma semana média de novembro deste ano. Esta é a principal conclusão do índice elaborado pela GuestReady – empresa de gestão de exploração de propriedades em arrendamento de curta duração –, que teve por base os valores de receita obtidos para o período da Web Summit, o universo de unidades de alojamento local disponíveis para alugar em Lisboa e os valores praticados este ano.

A empresa revela que durante a primeira semana deste mês algumas zonas da capital “registam subidas potencialmente significativas” nos valores. No topo encontra-se o local mais próximo do evento, o Parque das Nações, onde os preços sobem, em média, 46,1% face aos valores médios de uma semana durante este mês. Mas este não é o único local a registar aumentos significativos. Destaque ainda para Bairro Alto (14,5%), Mouraria (12,7%) e Campo de Ourique (13,2%) como os três locais de Lisboa onde os preços do alojamento local mais sobem nesta altura. Dentro destas áreas, Socorro e Santo Contestável são as zonas com a maior subida de preços médios diários: 18,7% (82 euros) e 17% (72 euros), respetivamente.

A GuestReady relembra que, na edição do ano passado, a Web Summit foi responsável por um aumento significativo nos preços do alojamento local em Lisboa. Segundo os dados da empresa, os proprietários de alojamentos locais na zona do Parque das Nações ganharam, no ano passado, mais cerca de 400 euros nessa semana, uma diferença de 109% em relação à média semanal desse mês.

 

Medidas de segurança adicionais

A realização de mais uma edição de Web Summit não leva as autoridades a subir o nível do grau de ameaça. Ainda assim, a Polícia de Segurança Pública (PSP) vai implementar medidas de segurança adicionais, como detetores de metais e raio-X. “Apesar de não ter existido um aumento do nível do grau de ameaça para a edição deste ano, relativamente à de 2018, serão implementadas medidas de segurança adicionais, com a delimitação de perímetros e no controle de visitantes nas entradas por forma a garantir a segurança de todos os participantes”, referiu o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP em comunicado.

Ao i, a PSP explica que eventos ligados à Web Summit que vão ocorrer noutros pontos da cidade, designadamente nas zonas do Bairro Alto, Cais do Sodré e zona circundante da LX Factory, “poderão provocar congestionamento à circulação, pelo que serão acompanhados por equipas da PSP que localmente darão todo o apoio necessário às populações e participantes neste evento”, acrescentando que vai promover o reforço de segurança através do patrulhamento fardado e à civil.

Como acontece com os eventos que mobilizam um grande número de pessoas, a PSP garante que vai ter o policiamento adequado ao evento em questão, com um aumento do número de polícias envolvidos “em virtude de haver um aumento do recinto em relação ao ano anterior”.

Nesse sentido, a PSP “montará um dispositivo de segurança centrado na prevenção e proatividade, recorrendo às suas várias valências, nomeadamente polícias do Modelo Integrado de Policiamento de Proximidade (incluindo Equipas de Turismo), Equipas de Trânsito, Brigadas de Prevenção Criminal, Equipas de Intervenção Rápida, Equipas de Prevenção e Reação Imediata, Unidade Especial de Polícia, contando igualmente com a colaboração da Polícia Municipal de Lisboa”.