Educação Inclusiva divide escolas

Inquérito realizado pela Fenprof mostra que há uma grande divergência de opiniões entre professores e diretores no que toca ao novo regime da educação inclusiva. 

Segundo os resultados de um inquérito promovido pela Federação Nacional de Professores (Fenprof), há uma clara divisão nas escolas no que toca à opinião sobre a aplicação do novo regime de educação inclusiva que entrou em vigor no ano passado: os diretores escolares estão satisfeitos, os professores não estão.

Neste inquérito – em que foram validadas 1192 respostas por parte de docentes e de 92 direções, num universo de cerca de 110 mil e 801, respetivamente – verificou-se uma discórdia dentro dos próprios estabelecimentos de ensino quanto a este tema. Enquanto a maioria dos diretores inquiridos considera que a situação melhorou desde a implementação deste regime, quase metade dos professores auscultados diz que a mesma piorou. Segundo a Fenprof, 63% das direções afirmam que a resposta «aos alunos com necessidades educativas especiais melhorou». Já no que toca aos docentes, 46,3% referem o contrário.

Durante uma conferência de imprensa em Évora, Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, considerou os resultados «curiosos». «Dois terços das direções de escolas avaliam positivamente a aplicação do regime [da educação inclusiva] e dois terços dos professores individualmente considerados, temos 1.192 respostas, ou seja 10,8% dos professores, consideram o regime globalmente negativo», referiu.

Por outro lado, há ainda 9,8% dos responsáveis das escolas e 21,5% dos professores que consideram que, com este novo regime, tudo «ficou na mesma».

Em causa está o Decreto-Lei n.º 54/2018, de 6 de julho. Este define os princípios e as normas que garantem a inclusão nas escolas de todos os alunos, enquanto processo que visa responder à diversidade das necessidades e potencialidades de todos e de cada um dos alunos. O objetivo passa por «fomentar o aumento da participação nos processos de aprendizagem e na vida da comunidade educativa», como se pode ler no site da Direção-geral da Educação.

Mário Nogueira afirmou que «provavelmente» esta diferença de respostas entre professores e responsáveis terá a ver com os diferentes níveis de perceção dos problemas: «Os senhores diretores [têm esta opinião] ou porque não estão a aplicar mas apenas a mandar fazer, ou porque se calhar fica sempre bem a quem está à frente de uma escola e é diretor agradar ao poder e o poder quer que se diga bem da coisa». O representante da Fenprof explica ainda que são os professores quem «sente as dificuldades» na sala e durante as aulas.

Apesar da discórdia, tanto professores como diretores afirmaram que o regime de educação inclusiva permite uma maior sensibilização para o tema