Amigos

O juiz desembargador Rui Rangel juntou-se à comédia humana que corre o país. 

O juiz desembargador Rui Rangel juntou-se à comédia humana que corre o país. Outro excêntrico! Também ele tinha um amigo que lhe fazia chegar amiúde sucessivos depósitos em dinheiro vivo que lhe permitiam levar uma vida de estalo. Era também o amigo, um advogado com grande predisposição moral para a caridade, quem lhe pagava as contas correntes, como casa, carro, farmácia, despesas da mulher, da ‘ex’ e dos filhos.

Por seu lado, este causídico, José Santos Martins, também tinha amigos com quem mantinha tácitas alianças: eram os clientes. Na maioria, empresários de índole prática e bem informados. Esses, por vezes, para alcançarem determinados acordos económicos, cometiam deslizes que os colocavam em situações antagónicas com a justiça.

Há muitos carateres  de romance na nossa terra. Estes homens com desígnios, aparentemente, tão distintos, sem guerra de pensamentos contrários, na roda da amizade acabaram por se cruzar, criando uma irmandade desenliçada das conveniências sociais. O grupo tinha como lema: ‘Amigo não empata amigo, antes pelo contrário’. E colocaram-se uns à disposição dos outros, enriquecendo o espírito.