De olhos bem fechados, Cristina a Presidente, olé, olá

A deputada podia ter pedido que escolhessem outra foto, mas não. No alto do seu autoritarismo exigiu que a mesma não fosse tornada pública. Acontece que não lhe foi feita a vontade.

Os deputados eleitos para a Assembleia da República devem respeitar a vontade do partido ou ir de encontro ao que é melhor para os eleitores que os elegeram? Esta é uma pergunta cuja resposta depende do partido em questão! Se for o caso de Joacine Katar Moreira, a deputada do Livre, muitos defendem que a representante do partido de Rui_Tavares deve votar de acordo com a sua consciência, ignorando as ordens do guru ausente. Mas se em causa estiverem os deputados do PSD eleitos pelo círculo da Madeira, aí a história já é outra para aqueles que estavam ao lado de Joacine contra a deliberação do seu partido.

A política tem essas coisas engraçadas, já que a verdade depende da cor política em questão. O que é bom para os outros, pode ser péssimo para mim, pensam muitos políticos. No caso do PSD/Madeira, a posição dos deputados sociais-democratas – que se abstiveram na votação do Orçamento do Estado, ‘dando votos’ ao Governo – viola a disciplina de voto do partido mas vai de encontro às pretensões dos madeirenses, que terão assim a promessa de António Costa de que o seu Executivo vai financiar o novo hospital do Funchal. E aqui é que a história ganha outros contornos. Deve um primeiro-ministro fazer concessões à la carte no OE?

Significa isso que a necessidade de aprovar o orçamento se sobrepõe aos interesses nacionais no seu todo? Não é que esteja em causa a necessidade do hospital do_Funchal, mas as negociações ficaram por aí? Certo é que Rui Rio ou o seu sucessor vão ter que lidar com os deputados rebeldes, não se sabendo se os irão expulsar ou não da sua bancada.

Mas a semana política, além do OE e das eleições para a liderança do PSD, ficou marcada por mais um episódio de Joacine Moreira, que não queria que uma foto da comissão parlamentar do Ambiente fosse tornada pública, supondo-se que a deputada não gostou de se ver de olhos fechados. Escreveu Joacine aos outros deputados da comissão: «Volto a referir que não autorizo que a mesma seja divulgada e penso que estou no direito de assim o requerer, uma vez que a minha imagem consta da mesma». A deputada podia ter pedido que escolhessem outra foto, mas não. No alto do seu autoritarismo exigiu que a mesma não fosse tornada pública. Acontece que não lhe foi feita a vontade e Joacine teve que se contentar com a foto de olhos bem fechados. Diga-se que, à semelhança de outro deputado, mas que não reclamou por tal facto.

O que fica deste fait divers é que Joacine tem alguma dificuldade em lidar com a democracia e os seus tiques autoritários são mais do que evidentes.

Se Joacine não quer aparecer na foto, o mesmo não pensa a apresentadora mais saloia do país: Cristina Ferreira desdobrou-se esta semana em entrevistas onde quis deixar bem claro que admite ser candidata à Presidência da República em 2026. A apresentadora entende que ser chefe de Estado se assemelha a gerir uma casa de um programa televisivo, onde leva os convidados, alguns políticos, a cozinhar. De facto, estamos perante uma verdadeira caldeirada à moda saloia, e se Portugal já tinha o Tino de Rans, o calceteiro, tem agora a Cristina da Malveira que quer, seguramente, recuperar a máxima de Emídio Rangel que chegou a afirmar: «Uma estação que tem 50% de share vende tudo, até o Presidente da República! Vende aos bocados: um bocado de Presidente da República para aqui, outro bocado para acoli, outro bocado para acolá, vende tudo! Vende sabonetes!». O slogan da apresentadora está encontrado: ‘Uma Presidente para aqui, uma Presidente para acolá’, olé, olá e a vida sorri.

vitor.rainho@sol.pt