Distrital do PSD avalia retirada de confiança a Teresa Leal Coelho

Decisão foi tomada em novembro, mas só agora a distrital vai debater o caso. E pode não haver consequências. Vereadora nunca reconheceu avaliação da secção.

A comissão política concelhia do PSD/Lisboa retirou a confiança política à vereadora do PSD Teresa Leal Coelho no passado mês de novembro. Mas nada aconteceu desde então. A distrital teve eleições, há um novo presidente (Ângelo Pereira), o PSD foi a votos para eleger Rui Rio para novo mandato como líder e, na sede, a secretaria-geral não tem qualquer dado da distrital sobre o caso da vereadora. Agora, há reunião daquela estrutura do PSD/Lisboa no próximo dia 9, em que a situação da autarca será avaliada. Pelo menos há essa expetativa.

A revista Sábado noticiou no passado dia 1 que a estrutura liderada por Ângelo Pereira iria submeter um parecer ao presidente da Câmara de Lisboa, a explicar que Teresa Leal Coelho (o PSD tem dois vereadores) não deveria continuar a assumir o papel de coordenação dos sociais-democratas, passando-se a pasta para o outro vereador, João Pedro Costa.

Ora, a decisão de retirada de confiança política nunca foi reconhecida por Teresa Leal Coelho, após ter votado a favor da reeleição de Manuel Salgado para a Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) de Lisboa, uma empresa municipal. A vereadora tem dito que mantém a confiança do PSD e já em novembro recordou que a decisão de retirada de confiança política foi tomada por equipa em gestão (houve uma onda de demissões por causa da elaboração das listas para as legislativas). Mais, o mandato da vereadora é da própria, tal como no Parlamento, e o instrumento de retirada de confiança política não é jurídico. Ou seja, a vereadora poderá sempre alegar que é do PSD e que cumpre o mandato até ao fim. É, aliás, o que tem dito. Além disso, a distrital não fez chegar formalmente a retirada de confiança política da vereadora à sede nacional. E, segundo apurou o i junto de fontes distritais, não há nada de concreto, mas apenas a promessa (e a possibilidade) de que o caso da vereadora será avaliado na reunião de dia 9. E pode vir a ficar enterrado, uma vez que o PSD se prepara já para a próxima etapa: as autárquicas de 2021.

Segundo apurou o i, Teresa Leal Coelho e Ângelo Pereira já conversaram. Inicialmente, a distrital tinha agendado uma reunião para o dia de ontem, mas teve de a adiar por razões de saúde do líder da distrital.

Contactada pelo i, Teresa Leal Coelho remeteu qualquer esclarecimento para Ângelo Pereira, que só deve falar na reunião da distrital para dizer o que resultou da conversa com a vereadora Teresa Leal Coelho.

A concelhia de Lisboa está a trabalhar com uma equipa interina há meses, sendo liderada por Rogério Jóia. O dirigente foi quem assumiu, à cabeça, a retirada de confiança política em nome da comissão política do PSD/Lisboa. Ao i, Jóia diz que não foi submetido qualquer parecer da distrital. Mas assegura: “O que temos conhecimento, efetivamente, é que existe a intenção de levar esse tipo de diligência” à autarquia. Nada mais.

Por seu turno, João Pedro Costa, também vereador do PSD, limitou-se a dizer ao i que este caso “é um assunto entre a vereadora e o partido”.

Caberá à distrital do PSD de Lisboa marcar também as eleições para a concelhia. Até lá, existem dois nomes em cima da mesa: Paulo Ribeiro, que se demitiu antes da retirada de confiança política a Teresa Leal Coelho, e Rogério Jóia, presidente interino. Ninguém decidiu se é candidato.

Já Sofia Vala Rocha disse ao i que não será candidata à concelhia porque vai voltar a concorrer às eleições para a distrital. Porém, vai apoiar uma candidatura, prometendo “ser uma voz ativa”.

Sobre o caso de Teresa Leal Coelho, Sofia Vala Rocha diz que “é passado”. E explica porquê: “A distrital foi eleita em novembro de 2019, estamos em março de 2020. Se quisessem ter feito alguma coisa, já o tinham feito”.