Covid-19. Maioria dos políticos não vão a feiras e Bruxelas avança para o teletrabalho

Quase todos os partidos adotaram medidas, suspenderam iniciativas e avaliam novas iniciativas em função do problema e das instruções das autoridades. 

A maioria das forças políticas começam a adaptar as agendas por causa do novo coronavírus. Suspender ou adiar iniciativas com forte participação de militantes, evitar feiras, mercados, restringir a agenda a visitas institucionais, tudo está a ser feito para se cumprirem as regras definidas pelas autoridades de saúde. 

O PS reúne hoje a sua comissão permanente para acertar o calendário interno e, ontem, o secretário-geral adjunto, José Luís Carneiro, admitiu à Antena 1 que “em princípios de abril será feita uma avaliação geral da situação, o adiamento do congresso é um cenário que não podemos afastar”. 

De realçar que os congressos federativos foram adiados (estavam previstos para abril) e duas eleições distritais (Porto e Braga) também. E há ordens expressas para organizar as eleições federativas. Não há espaço para beijos e abraços, e é preciso evitar “grandes ajuntamentos” nas salas de voto. A bancada parlamentar do PS também decidiu suspender visitas organizadas pelos seus deputados à casa da democracia.

O PSD avaliou ontem, na reunião da comissão permanente, as medidas a tomar. Rui Rio, para já, só cancelou uma iniciativa esta semana, hoje recebe a CGTP, e, por isso, os efeitos do problema do coronavírus residem sobretudo ao nível distrital. As concelhias e as distritais têm de reunir em assembleia-geral para aprovar as contas anuais até ao final do mês e aguardam instruções sobre o que fazer.

Do lado do Bloco de Esquerda também há restrições. Fonte oficial explicou ao i que as “iniciativas de âmbito nacional, que mobilizam um número significativo de aderentes, estão a ser adiadas (o Encontro+60 era o próximo e não se realizará enquanto se mantiver o risco) e não haverá iniciativas em locais de grande concentração de pessoas (feiras, mercados, transportes), seguindo as indicações da DGS”. 

Já o PCP está a seguir as instruções dadas pela Direção-Geral de Saúde e “não estão previstas alterações à agenda nos próximos dias”.

Por seu turno, o CDS só faz visitas institucionais, não visita feiras e certames e cumpre as regras da DGS, bem como o plano de contingência previsto no Parlamento. 

O partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) limitou-se a dizer ao i que, não se invalidando “outras medidas que possam vir a ser ponderadas, o grupo parlamentar do PAN está a seguir as orientações da autoridade nacional de saúde em matéria de prevenção”, como “a higienização das mãos, a etiqueta respiratória e outros procedimentos de conduta social”.

Entretanto, o PEV também reuniu ontem a sua comissão executiva para avaliar se cancela ou não várias iniciativas para os dias 13, 21 e 28 deste mês. Quem cancelou já um jantar foi André Ventura, do Chega. Estava previsto para o dia 15, em Amares, com cerca de 300 pessoas – o que contraria as orientações das autoridades de saúde.

Contudo, mantém-se a realização do conselho nacional do Chega e um jantar em Castelo Branco, no dia 14, “tendo em conta que não existe, até ao momento, qualquer caso de infeção por coronavírus no distrito”.

No Parlamento, a ordem, para já, foi a de não cancelar todas as visitas à Assembleia da República, nem foi equacionado o encerramento dos trabalhos. Sem alarmismos: a ordem é mesmo essa, cumprindo-se as orientações da Direção-Geral da Saúde. 

No Parlamento, o plano de contingência aprovado já foi aplicado, designadamente a criação de espaços de isolamento. 

Os serviços da Assembleia da República confirmaram entretanto ao i que há uma funcionária que regressou de férias de Itália (avisou os serviços quando estava naquele país), pelo que foi aconselhada a não ir ao Parlamento e a manter-se em isolamento, por prevenção, em casa, para ser monitorizada. E está bem de saúde.

E se, na Assembleia da República, a ordem é para cumprir as orientações da Direção-Geral da Saúde e não criar alarme, no Parlamento Europeu há instruções expressas para se trabalhar em casa a 70% – ou seja, só ir às instalações da instituição um dia ou um dia e meio, a partir de dia 16. 

Contudo, ficou claro, segundo a nota interna aos funcionários, que a medida pode ser apertada e colocar os colaboradores em teletrabalho a 100 por cento, dependendo do evoluir da situação. As principais famílias políticas europeias também já ordenaram aos seus funcionários que trabalhassem a partir de casa.