Governo e AR violam regras de prevenção

Governo lançou ontem o programa de reciclagem de garrafas de plástico – cujos depósitos estão nas grandes superfícies. 

Desde ontem que reciclar garrafas de plástico dá descontos em algumas superfícies comerciais espalhadas pelo país. Ao todo, são 23 espaços em que a entrega de embalagens de plástico não reutilizáveis de bebidas proporciona talões de desconto em troca. O projeto-piloto entrou em vigor esta sexta-feira, um dia depois de o Governo ter anunciado que, devido à pandemia de Covid-19, iria passar a limitar o número de entradas «para evitar o excesso de pessoas no mesmo espaço».

Devido à pandemia causada pelo novo coronavírus, foram, no entanto, tomadas algumas medidas no arranque deste projeto-piloto – que estava agendado para o início do ano. Ao SOL, fonte do Ministério do Ambiente e Transição Energética garante que, devido à atual situação em que Portugal se encontra, foi cancelada uma cerimónia de apresentação do projeto, «que envolvia cerca de 30 pessoas», incluindo o ministro João Pedro Matos Fernandes. O projeto-piloto foi implementado «não para as pessoas irem aos supermercados, mas para as pessoas que vão aos supermercados», disse a mesma fonte.

Apesar de o cancelamento da cerimónia ter ido ao encontro das recomendações, o mesmo não aconteceu na noite da reunião extraordinária do Conselho de Ministros, quando foram dadas indicações quanto à limitação de pessoas nos espaços comerciais.

De facto, foram várias as regras quebradas, como já acontecera noutras ocasiões (como a conferência de imprensa em que a ministrra Marta Temido levou à boca os seus óculos). Os ministros segredaram entre si, quebrando o protocolo no que diz respeito à adoção da distância social. Mas durante a sessão houve muitos mais momentos em que as recomendações foram violadas, já que houve partilha não só de canetas, mas também de microfones.

Parlamento continua

Também o Parlamento avançou com várias medidas de prevenção, mas decidiu manter algumas reuniões entre os deputados. PSD e CDS querem ir mais longe do que as medidas aplicadas pelo presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, e na quarta-feira a situação vai voltar a ser avaliada. «A Assembleia da República vai reduzir durante a próxima semana o número de plenários, na quinta-feira não haverá, e irão ser melhoradas as condições para o funcionamento das comissões, evitando salas muito pequenas», disse Maria da Luz Rosinha, secretária da Mesa da Assembleia da República. A deputada socialista revelou, após a reunião da conferência de líderes, ontem, que o Parlamento vai «continuar a funcionar nos moldes habituais com alguns ajustamentos».

O CDS apressou-se a anunciar que a decisão tomada na conferência de líderes não foi consensual. João Almeida defendeu que o Parlamento deve «dar o exemplo» e fechar as portas. «Passar uma ideia de normalidade numa situação excecional não é exemplar, é irresponsável. Não há teimosia de ninguém, seja quem for, que justifique esta irresponsabilidade», escreveu, na sua página do Facebook o deputado centrista, que considera lamentável que a Assembleia da República esteja a contrariar as indicações definidas pelo Governo e anunciadas na quinta-feira à noite. 

Rui Rio também defendeu que a Assembleia da República deveria ter «ido mais além». O presidente do PSD lembrou que as pessoas devem «procurar evitar o contacto» e os deputados devem fazer «o mesmo que queremos que os portugueses façam». Alguns deputados do PS também defendem que é necessário ir mais longe nas restrições no parlamento. «As pessoas estão assustadas e muito preocupadas», diz um deputado do PS.